Então vamos ver. Os artefatos encontrados com o estudante e
funcionário da USP Fábio Hideki Harano e com o professor de inglês Rafael
Lusvarghi, presos há 43 dias, não têm poder explosivo, segundo laudo técnico do
Gate (grupo antibombas da PM) e do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia
Científica. Então eles têm de ser soltos imediatamente? Calma aí! Com o laudo,
eles podem se livrar de uma acusação — posse de material explosivo, previsto no
Artigo 253 do Código Penal. E só.
Ocorre que essa não é a única acusação que existe contra
eles: ambos tiveram a prisão decretada também por incitação criminosa (Artigo
286), associação criminosa (Artigo 288), resistência (Artigo 329) e
desobediência (Artigo 330). As pessoas têm o direito de achar que, se
explosivos não eram, então não há motivo para prender. Eu estou entre aqueles
que avaliam que a posse dos ditos-cujos era apenas um desses motivos.
Nesta segunda, o governador Geraldo Alckmin participou de
sabatina do Estadão (ver post a respeito). E negou que a Polícia de São Paulo
esteja plantando provas como acusam os militantes de extrema esquerda. Segundo
disse, é preciso parar de “falar mal da polícia”. Também acho. Reserve-se a
crítica quando o erro é apontado.
Há gente por aí tentando usar o laudo para demonstrar que o
governador está errado. Ao contrário: a perícia só prova que Alckmin está
certo. Afinal, o exame técnico do material também prova que a polícia não
plantou explosivos nas respectivas mochilas de ambos, certo?, ou o resultado
teria sido positivo. A turma que gosta de malhar a polícia é tão afoita que se
esquece da lógica.
Aliás, aproveito a oportunidade para dar os parabéns ao juiz
Marcelo Matias Pereira, da 10ª Vara Criminal. Referindo-se aos black blocs,
escreveu: “Além de descaradamente atacarem o patrimônio particular de pessoas
que tanto trabalharam para conquistá-lo, sob o argumento de que são contra o
capitalismo, mas usam tênis da Nike, telefone celular, conforme se verifica nas
imagens, postam fotos no Facebook e até utilizam uma denominação grafada em
língua inglesa, bem ao gosto da denominada esquerda caviar”.
O esquerdista militante e petista Luiz Eduardo Greenhalgh,
advogado de Hideki, diz que a avaliação do juiz é “ideológica”. É mesmo? O que
há de “ideológico” no que vai acima? Trata-se apenas de uma constatação óbvia.
As esquerdas têm a mania de achar que “ideológico” é só pensamento das pessoas
com as quais elas não concordam. É um modo autoritário de pensar, é claro.
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