TIRO SAI PELA CULATRA: consultoria quase duplica sua
base de
clientes após censura (Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA)
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Desde a representação protocolada pelo partido no Tribunal
Superior Eleitoral, mais de 7.500 novos clientes foram adicionados à carteira
da Empiricus
O tiro da presidente-candidata Dilma Rousseff contra as
'análises pessimistas' do mercado saiu pela culatra. A despeito do que almejava
o PT ao cercear anúncios de análises da consultoria Empiricus no Google, a
'punição' se converteu em ganhos — ao menos para os sócios da consultoria.
Desde a segunda-feira passada, quando a firma se viu forçada pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) a retirar do Google dois anúncios de suas análises
prevendo cenário ruim para a economia em caso de reeleição de Dilma, o número
de investidores que assinam seus serviços quase duplicou. Segundo dados
fornecidos pela Empiricus, a base de clientes que paga por pacotes de análises
passou de cerca de 9.000 para 16.500. A consultoria possui ainda um mailing de
200.000 clientes em potencial que recebem boletins financeiros gratuitamente,
após fazerem inscrição no site. Essa carteira específica ganhou em torno de
7.000 novos nomes diariamente na semana passada.
A derrapada do PT fica mais evidente quando se analisa os
números da Empiricus antes do episódio. Os anúncios que foram alvo de
representação no TSE tiveram cerca de 40.000 cliques, sendo que apenas 5% dessa
cifra se converteu em assinantes do mailing que distribui boletins gratuitos.
Nesse universo de cerca de 2.400 interessados que, de fato, leram o texto
tachado pelos petistas de 'terrorismo eleitoral', nenhum se tornou cliente dos
pacotes pagos — cujos preços variam de 10 reais a 200 reais ao mês. Ou seja,
até a representação ser protocolada, a divulgação dos anúncios ainda não havia
garantido qualquer retorno. O marketing trazido pelo partido foi providencial
para a empresa, que prevê faturar 10 milhões de reais este ano.
O sócio da Empiricus responsável pelas análises retiradas do
Google, Felipe Miranda, afirmou que os ganhos não são oportunistas, e sim
resultado do maior interesse dos brasileiros pelas análises de cenário
econômico após a intervenção no PT também no trabalho dos analistas.
"Ainda que haja mais desdobramentos de marketing, o episódio é lamentável
demais para ser celebrado. O governo quis desviar o debate, colocando o mercado
como vilão. Mas não poderá fazer isso para sempre. Pode calar os bancos agora.
Contra nós, não podem fazer nada além desse cerceamento momentâneo que pode,
aliás, ser retirado a qualquer momento pelo TSE", afirmou Miranda.
Segundo a representação, a Empiricus estaria vinculada ao
candidato tucano Aécio Neves, à coligação Muda Brasil e ao Google numa campanha
com o intuito de manchar a imagem da presidente Dilma por meio de propaganda
paga. A consultoria, conhecida no mercado pela forma dinâmica e descomplicada
com que produz suas análises, nega o viés político e afirma que produziu as
análises com foco nas melhores oportunidades para seus clientes — mesmo em
cenário adverso que venha a se confirmar caso a vitória seja da candidata
petista. "Nosso principal argumento contra a representação é a falta de
evidências de que estejamos fazendo campanha contra a candidatura. O pleito
aponta que gastamos uma fortuna com anúncios, o que não é verdade. Gastamos
apenas 7.400 reais. Para efeito de comparação, esse valor representa menos de
10% do que gastamos mensalmente para promover nossas análises no Google",
afirma o analista.
Santander — Há pouco mais de uma semana, toda a artilharia
petista se armou contra o banco Santander depois que um relatório enviado a
clientes de alta renda previa mais dificuldades para a economia brasileira se a
presidente Dilma Rousseff se reeleger. Temendo represália, o banco enviou nota
ao mercado desculpando-se pelo texto da equipe de análise e assegurando que
medidas haviam sido tomadas em relação aos responsáveis: a demissão de todos os
envolvidos.
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