Reunião animada no Palácio do Planalto em 2006: Lula e
Dilma, junto com Gabrielli, ouvem
atentamente os planos de Paulo Roberto Costa,
o "Paulinho" da Petrobras.
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O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, aceitou
denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, acusados de serem os
"comandantes da organização criminosa" que desviou dinheiro público
na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
De acordo com denúncia feita por uma força-tarefa do MPF,
responsável pela investigação do caso ao lado da Polícia Federal, Paulo
Roberto, quando era diretor da Petrobras, assinou contrato superfaturado com um
consórcio liderado pela empreiteira Camargo Correa, que ganhou cerca de R$ 3,4
bilhões para construir uma unidade da refinaria. Segundo o TCU, houve
superfaturamento de R$ 446 milhões na obra.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, os desvios
ocorreram de 2009 até este ano (Foto: Reprodução)
O dinheiro desviado do contrato foi parar, segundo as
investigações, em contas controladas pelo doleiro Youssef - e, parte dele,
repassado a Paulo Roberto. Paulo Roberto e Youssef agora são réus por lavagem
de dinheiro e participação em organização criminosa. Podem pegar até 18 anos de
prisão. O MPF ainda encaminhará à Justiça outras denúncias contra Paulo Roberto
e os demais integrantes da organização criminosa. Irão esmiuçar os crimes de
corrupção e peculato cometidos nesse contrato.
A PF e a força-tarefa do MPF investigam outras 14
empreiteiras que detinham contratos com a área comandada por Paulo Roberto
quando era diretor da Petrobras. Há apurações também sobre os contratos
internacionais de combustível fechados por Paulo Roberto à frente da Petrobras,
em que há indícios de pagamentos de propina. As investigações, portanto, estão
no início - e as ramificações do esquema ainda são imprevisíveis. Paulo Roberto
também é réu, ao lado de quatro familiares, por ter tentado destruir provas
quando agentes da PF apreenderiam documentos em seus endereços.
A construção da refinaria Abreu e Lima é um dos casos mais
escancarados de desperdício de dinheiro público nas largas reservas de
corrupção descobertas na Petrobras. O custo da obra saltou de R$ 2,5 bilhões iniciais
para R$ 20 bilhões. Somente no contrato com o consórcio CNCC, o Tribunal de
Contas da União (TCU) apontou um superfaturamento de R$ 446,2 milhões.
Paulo Roberto comandou a área de Abastecimento da Petrobras
entre 2004 e 2012, e era o responsável pelos projetos técnicos para a
construção de Abreu e Lima, entre outras refinarias. Na denúncia encaminhada à
Justiça, o Ministério Público descreve o ex-diretor como o chefe, em parceria
com o doleiro Youssef, de uma "organização criminosa". "(Paulo
Roberto) Utilizava de seu cargo e, posteriormente, de suas influências para
obtenção de contratos fraudados com a Petrobras", afirmou o MP (leia o
documento abaixo).
Investigação do Ministério Público Federal afirma que Paulo
Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, comandava, com o doleiro Alberto
Youssef, organização criminosa (Foto: Reprodução)
De acordo com a investigação, a CNCC subcontratou a
empreiteira Sanko-Sider para executar parte dos serviços em Abreu e Lima. A
Polícia Federal identificou que, no mesmo período em que recebeu pagamentos da
CNCC, a Sanko-Sider fez 70 depósitos nas contas bancárias das empresas MO
Consultoria e da GFD Investimentos, ambas do doleiro Alberto Youssef.
No total foram transferidos R$ 26 milhões. Em seu despacho,
o juiz Sérgio Moro afirma que aceita a denúncia porque considera que há provas
suficientes "do posicionamento de Paulo Roberto Costa nas duas pontas do
esquema criminal, em uma como responsável pela construção da Refinaria Abreu e
Lima, tanto na condição de Diretor de Abastecimento da Petrobras como membro do
Conselho de Administração da Refinaria Abreu e Lima, e, na outra, como
beneficiário de parcelas das 'comissões' ou 'repasses'".
O Consórcio CNCC afirma que “não pode responder por outras
empresas e reafirma que jamais teve relações comerciais ou fez repasses de
recursos às pessoas e empresas citadas”. A Sanko-Sider divulgou um comunicado
sobre o assunto. “(A empresa) não poderia superfaturar ou subfaturar nada, uma
vez que não fez qualquer venda direta à Refinaria de Abreu e Lima.
A Sanko-Sider apenas atendeu às empresas privadas que formam
os consórcios participantes. Mais uma vez, informamos que todos os contratos da
Sanko-Sider foram feitos apenas com empresas privadas, construtoras ou
consórcios particulares. A Sanko-Sider não faz vendas diretas à Petrobras,
excetuando-se alguns itens para manutenção”, afirma . “Os serviços foram
contratados, pagos contra a emissão de notas fiscais, que foram todas
devidamente contabilizadas, tributadas e pagas, via sistema bancário, de acordo
com a legislação vigente.” (Revista Época)
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