Em seu blog, André Vargas exibe suas amizades influentes;
acima, em companhia de Dilma
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Amigão de Youssef e “homem muito influente no PT”, Vargas
era, nas hostes do governismo, como posso adequar o adjetivo à sua prática?, um
fuçador de oportunidades de negócio para o doleiro, que sabia ser grato. Como
informou a Folha, alugou um jatinho para levar o deputado e a família em viagem
de férias à Paraíba. Custo do mimo: R$ 100 mil. O deputado folgazão definiu o
agrado como “coisa de irmão”. Nem diga!
“Empresário” de múltiplos talentos, Youssef é dono de uma
“empresa” de nome imponente: “Labogen Química Fina e Biotecnologia”. É um troço
que existe no papel, não na vida real. Nem mesmo chega a ter planta industrial.
Seu feito mais notável, até agora, segundo a Polícia Federal, é ter enviado
para o exterior, de forma irregular, US$ 37 milhões.
Muito bem! Vargas, o parceirão de Yousseff, detectou no
Ministério da Saúde, então sob o comando de Alexandre Padilha — agora candidato
ao governo de São Paulo pelo PT —, a chance de um contrato milionário para
fornecimento de remédio, coisa, assim, de R$ 150 milhões. Mas como é que a
Labogen, uma biboca com capital social de R$ 28 mil e folha de pagamentos de R$
30 mil, poderia se candidatar a tamanha grandeza? É para isso que servem os
amigos. É nesse ponto que entrou André Vargas — leiam a reportagem da revista.
A síntese é a seguinte: a Labogen, mera empresa de fachada,
conseguiu se associar à EMS, uma gigante na produção de genéricos, o que lhe
conferiria um ar de seriedade, e pronto! Tudo resolvido. O diálogo captado pela
Polícia Federal entre Vargas e Youssef não deixa a menor dúvida. O deputado
petista relata a Youssef sua conversa com Pedro Argese, da Labogen e ouve um
prognóstico do interlocutor:
VARGAS – Estamos mais fortes agora. Vi documento com o
Pedro. Ele estava no voo de volta de Brasília. Ele estava com o documento da
parceria com a EMS.
YOUSSEF – Cara, estou trabalhando. Fique tranquilo. Acredite
em mim. Você vai ver quanto isso vai valer. Tua independência financeira e
nossa também, é claro!
É claro!
Eis aí. Esse é o doleiro “irmão”, cujas atividades ilícitas
Vargas dizia desconhecer. Da parceria estimada em R$ 150 milhões, uma já estava
em curso, de R$ 31 milhões — suspensa pelo Ministério da Saúde quando o
escândalo veio à tona: a de fornecimento de citrato de sildenafila, a
substância ativa do Viagra, que é o remédio oficialmente empregado pelo sistema
público de saúde para o tratamento de uma doença grave: a hipertensão pulmonar.
Esse contrato contou com a ajuda do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos do Ministério da Saúde, Calos Augusto Gadhelha — a quem Vargas se
refere, carinhosamente, num telefonema, como “Gadha”. Padilha, pessoalmente,
assinou o contrato.
Relatório da PF fala do parceiro de Youssef que atuava no
Ministério da Saúde. Depois ficou claro: era Vargas!
Relatório da PF fala do parceiro de Youssef que atuava no
Ministério da Saúde. Depois ficou claro: era Vargas!
Leiam a reportagem. A coisa vai longe. Youssef está preso,
como sabem. O deputado está tentando se virar. Já mandou um emissário ao
doleiro afirmando que, se ele, Vargas, cair, gente mais graúda vai junto,
“gente de cima”. Huuummm… Quem estaria acima de Vargas nessa operação? Eis uma
boa questão. E por que Youssef deveria temer essa “gente de cima”? Temer o quê?
Vargas não é o único interlocutor de Youssef no PT. Há
outros, como o deputado Vicente Cândido (SP). Vocês já o conhecem. É aquele
senhor que ofereceu “honorários“ para um conselheiro da Anatel livrar a Oi de
uma multa bilionária. Disse, então, que falava em nome de Lula. Tudo gente
fina.
Segunda-feira é bom dia para André Vargas pegar
o boné e ir pra casa, refletir sobre os males da liberdade de imprensa. Afinal,
até onde se sabe, ele já tem garantida a “independência financeira”. Leiam a
reportagem na edição impressa na revista.
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