Este post é daquela linhagem que começa assim: “Que gente
pitoresca!”.
O presidente de fato, Luiz Inácio Lula da Silva, e a
presidente de direito, Dilma Rousseff, resolveram se encontrar em São Paulo
para debater, a portas fechadas, a crise da Petrobras. Entendo! Ela era a
presidente do conselho, a poderosa ministra da Casa Civil e Senhora Absoluta do
setor energético quando a lambança foi feita. Ele era o presidente da
República. A Petrobras era dirigida por José Sérgio Gabrielli, um lulista
fanático. O presidente de fato está furioso com a presidente de direito: acha
que ela levou a crise para dentro do Palácio ao afirmar que votou a favor da
compra sem dispor de todos os dados. Do ponto de vista estritamente factual, a
observação dele faz sentido. O chefão do PT está bravo com o seu poste — que
ilumina cada vez menos — porque faltou a ela o devido senso de malandragem: era
para agasalhar a questão, sair xingando a oposição e acusar FHC de ter tentando
privatizar a Petrobras. É mentira, claro! Para Lula, no entanto, não existem
nem verdade nem mentira na política: apenas o que é e o que não é útil ao PT.
Trata-se de um gigante moral, como se sabe.
Dilma participou da solenidade de entrega de unidades do
Minha Casa Minha Vida em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, evento
para o qual levou Alexandre Padilha a tiracolo — como se isso fosse a coisa
mais normal do mundo. Por que trataria a Petrobras como coisa pública quem
trata a própria Presidência da República como coisa privada (fica para outro
post)? Segundo a agenda, estava previsto que voltaria direto para Brasília. Mas
não! Fez uma parada na cidade de São Paulo para se encontrar com Lula num
hotel.
É curiosa essa fixação que tem o PT por encontros em hotéis.
Já repararam nisso? Existe um escritório da Presidência em São Paulo. O tema da
conversa, afinal, é de interesse público. Não há nada de errado no fato de a
atual presidente se reunir com o ex. Por que num hotel?
É que a verdadeira república petista é aquela que se movimenta
no mundo paralelo, nas esferas não institucionais, nas sombras, nos corredores…
Não é casual, já observei aqui, Lula ter criado um ministério que se chama “das
Relações Institucionais”, o que só faz sentido porque se supõe que o poder
também lida com as “relações não institucionais”. Façam uma pesquisa sobre os
escândalos do petismo: o cenário é sempre um hotel. Quando o presidiário José
Dirceu arrumou um emprego, ora vejam,! foi como gerente de um hotel, cuja
história é mais enrolada do que André Vargas tentando explicar suas relações
com um doleiro. Lembram-se da empresa de consultoria do mesmo Dirceu? Fazia
reuniões num… hotel!
A presidente não é a “Belle de Jour”. Não tem de ficar se
encontrando em hotéis, à sorrelfa e à socapa, com senhores barbudos para
discutir os destinos da maior empresa pública brasileira.
Não sei quais explicações Dilma deve a seu chefe. Sei as que
ela deve ao povo brasileiro: por que não fez nada quando descobriu o golpe que
tinham dado na Petrobras?
Por que, presidente?
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