O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) é um
exemplo das obras superfaturadas da Petrobras. Ali atuam as grandes
empreiteiras e maiores fornecedores da estatal. Andrade Gutierrez, por exemplo,
a maior doadora eleitoral das campanhas de 2012, lidera o consórcio para
implantação de tubos e participa de outro consórcio, para terraplanagem, junto
com Odebrecht e Queiroz Galvão, também grande alimentadores de caixas de
campanha. Apenas nesta obra, o TCU encontrou indícios de superfaturamento da
ordem de R$ 780 milhões.
Segundo o Estadão, de cada R$ 10 doados por empresas a
candidatos e comitês nas eleições de 2010 e 2012, R$ 3 vieram de fornecedores
da Petrobrás. Maior companhia brasileira, a estatal está no centro da mais
ampla rede de financiamento privado de campanhas eleitorais no Brasil.
Detentores de contratos com a companhia petrolífera desembolsaram ao menos R$
1,4 bilhão em contribuições às campanhas de postulantes a presidente,
governador, prefeito, deputado e senador. A matéria abaixo é da Folha de São
Paulo.
Empreiteiras e outros grandes doadores de campanhas
eleitorais estão pressionando deputados e senadores governistas e da oposição a
desistir da criação de CPIs no Congresso para investigar os negócios da
Petrobras e o cartel acusado de fraudar licitações de trens em São Paulo. De
acordo com seis parlamentares que transitam no meio empresarial e um assessor
presidencial ouvidos pela Folha, os interlocutores das empresas afirmam que uma
CPI pode reduzir o "ânimo" dos empresários para financiar
candidaturas na campanha eleitoral deste ano.
Os primeiros contatos começaram há duas semanas, depois que
a oposição conseguiu as assinaturas para criação de uma CPI para investigar a
Petrobras no Senado. Doadores foram estimulados pelo próprio governo a entrar
em campo para convencer senadores a retirar suas assinaturas do primeiro pedido
de criação da CPI, apresentado pelo PSDB. A tentativa se revelou frustrada.
Houve conversas com parlamentares governistas e da oposição.
Um deles, que pediu para não ser identificado, relatou que os interlocutores das
empresas pediram "bom senso" aos congressistas, lembrando que sempre
há o risco de uma CPI sair de controle.
"O mundo trocou BBM com o doleiro Alberto
Youssef", contou um parlamentar governista, citando o sistema de troca de
mensagens do celular do doleiro acusado de participar de um esquema de lavagem
de dinheiro desbaratado pela Polícia Federal.
Segundo a PF, Youssef tinha relacionamento estreito com o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso em Curitiba e
guardava planilhas detalhadas com registros do que fazia. Por essa razão, as
empresas temem o que pode acontecer se ele contar o que sabe ou se suas
planilhas vierem à tona durante uma CPI, "Ele é muito organizado. É batom
na cueca", diz um congressista. Esse congressista sustenta também que uma
investigação contra as principais doadoras de campanha num ano eleitoral
comprometerá o financiamento dos candidatos.
TEMOR
Depois do mensalão, o setor privado passou a temer ainda
mais as CPIs. Nos casos da Petrobras e do cartel de trens paulista, lembram
congressistas, as investigações poderiam atingir clientes da estatal e empresas
que participaram da construção de metrôs em outros Estados. Representantes das
empresas também entraram em contato com assessores presidenciais para pedir ao
Planalto que desista de partir para a guerra contra as CPIs.
Em reunião recente com sua equipe para avaliar o clima no
Congresso, a presidente Dilma Rousseff afirmou ser contra a criação de
comissões parlamentares de inquérito, mas disse que, se a oposição vai criar a
dela, o governo não pode ficar na defensiva. (Folha de São Paulo)
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