O Grupo Anti-Máfia da Justiça italiana suspeita do
envolvimento do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no
processo do mensalão, em um esquema de lavagem de dinheiro comandado por um
ex-aliado de Silvio Berlusconi Valter Lavitola, e deve abrir um novo processo
contra o brasileiro. Em depoimento a promotores italianos, Pizzolato confirmou
que conhecia Lavitola, hoje preso em Nápoles por conta de uma amplo esquema de
corrupção.
O Estado revelou em sua edição desta terça-feira que a
Justiça italiana havia descoberto ligações financeiras entre o brasileiro e o
homem forte de Berlusconi. Por enquanto, Pizzolato havia sido ouvido apenas na
condição de testemunha. Mas as suspeitas convenceram o MP a aprofundar o caso.
Pizzolato foi condenado no Brasil pelo esquema do mensalão.
Mas fugiu para a Itália ainda no segundo semestre de 2013. Em fevereiro acabou
sendo descoberto na casa de um sobrinho na cidade de Maranello, no norte da
Itália, e levado para a prisão de Módena. No final do mês passado, Pizzolato
recebeu a visita de um promotor que colheu seu depoimento, depois que as
autoridades italianas descobriram os indícios da relação com Lavitola.
No depoimento, o brasileiro evitou entrar em detalhes e
apenas confirmou que conhecia o italiano, que havia morado no Rio de Janeiro. A
polícia italiana identificou ligações telefônicas e emails entre os dois
suspeitos, no que aparenta ser um esquema de lavagem de dinheiro. No Brasil,
Lavitola também manteve relações com doleiros.
Questionado pelo Estado, o advogado de Pizzolato em Modena,
Lorenzo Bergami, se recusou a dar detalhes do caso. "Eu não sei de nada
sobre esse depoimento", disse. Depois de ser informado pela reportagem que
a informação já havia sido publicada no Brasil, ele mudou sua versão e indicou
que de fato Pizzolato havia sido ouvido por um promotor. "Mas não sei o
que falou. Ele estava sem advogado no momento", explicou. Bergami defende
Pizzolato no processo de extradição solicitada pelo Brasil no Tribunal de
Bolonha.
Diante das informações colhidas, o promotor encarregado do caso
em Nápoles, Vincenzo Piscitelli, vai agora realizar uma segunda rodada de
investigações. Pizzolato deve ser ouvido uma vez mais. Mas o Ministério Público
da Itália já indicou que as suspeitas são suficientes para abrir um caso contra
o brasileiro justamente por lavagem de dinheiro.
As informações que ligam Pizzolato a Lavitola já estavam de
posse da Justiça italiana antes mesmo da fuga do brasileiro. Mas seu nome
apenas soou o alerta do Grupo Anti-Máfia depois da polêmica sobre sua saída do
Brasil. O nome de Pizzolato apareceu quando o grupo anti-máfia passou a
investigar o operador por conta de diversos escândalos financeiros de
Berlusconi, principalmente no pagamento de propinas para o governo do Panamá.
Em 2011, Lavitola fugiu para o país centro-americano depois
de ser indiciado por intermediar supostas propinas da gigante Finmeccanica para
o governo panamenho, avaliadas em US$ 24 milhões. Mas acabou se entregando um
ano depois e hoje está detido nas proximidades de Nápoles. Lavitola ainda é
acusado de extorsão por supostamente ter exigido do ex-chefe de governo da
Itália 5 milhões de euros para manter seu silêncio em relação aos crimes de
Berlusconi. Lavitola agiu, segundo as investigações em Nápoles, como
intermediário no pagamento de propinas em diversos setores, sempre em nome de
empresas italianas.(Estadão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário