Embora com amostragem pequena para o tamanho do Brasil
(1.003 entrevistados acima de 18 anos de idade), o rigor científico de uma
pesquisa do Pew Research Center dos EUA demonstrou como é violenta a
manipulação imagética de propaganda política no Brasil. Apesar do tsunami de
escândalos contra o PT, os petistas e o governo, o mito Luiz Inácio Lula da
Silva consegue uma avaliação favorável de 66%. O Apedeuta conseguiu a façanha
de ser o mais bem avaliado político do Brasil.
Só os longos anos de propaganda, construindo a imagem de um
estadista popular, nos moldes adotados pelos construtores da imagem de Getúlio
Vargas, nos tempos do Estado Novo (1937-1945), consegue justificar que Lula
tenha superado até o futuro ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Joaquim
Barbosa, que se aposenta, tem 60% de aprovação favorável. Curiosamente, para
alegria máxima de Lula, o pior avaliado de todos é seu amigo-inimigo, o
ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC é reprovado por 67% dos
pesquisados pela Pew. Lula só fica escaldado porque, em 2010, tinha 84% de
aprovação, conforme pesquisa idêntica.
Um outro dado assustador da pesquisa é contra as Forças
Armadas – que costumam ser bem avaliadas na maioria das enquetes. No levantamento
de 2010, as instituições militares tinham 66% de aprovação. Agora, o percentual
desabou para 49%. A mídia – sempre atacada pela propaganda ideológica petista,
a exemplo da guerra assimétrica contra os militares – também teve desprestígio.
Caiu de 81% de avaliação positiva em 2010 para 69% na pesquisa feita entre os
dias 3 e 10 de abril deste ano. Só os líderes religiosos continuaram com o o
mesmo prestígio de quatro anos atrás, quando tinham 67% e agora subiram um
pouquinho para 69%.
Uma informação da pesquisa Pew – presente em outros
levantamentos parecidos – confirma o maior problema dos marketeiros do governo
na campanha reeleitoral. O pessimismo do brasileiro aumentou muito. Nada menos
que 85% dos entrevistados estão preocupados com a carestia – o fenômeno da alta
de preços, equivocadamente confundido com a “inflação” (que tem mais a ver com
a desvalorização da moeda). Nada menos que 72% estão insatisfeitos com a
situação atual do Pais. O percentual coincide com outras pesquisas, que oscilam
entre 65% e 75% de vontade manifesta em troca de cadeiras no governo federal.
Nada menos que 67% dos entrevistados consideram a situação
econômica ruim. O dado é impactante contra a aventura reeleitoral de Dilma
Rousseff. Os brasileiros parecem divididos sobre a Presidenta: 52% acham a
influência de sua gestão negativa para o Brasil. Enquanto 48% a consideram
positiva. Na pesquisa Pew de um ano atrás, 55% estavam insatisfeitos com os
rumos do País e do governo. O índice era pouco maior que os 50% registrados em
2010, último ano do governo Lula e início da série histórica da pesquisa do
prestigiado instituto norte-americano. Apesar do pessimismo, 63% acreditam que
as condições vão melhorar nos próximos 12 meses.
Pessoalmente, Dilma é vista de forma mais favorável (51%) do
que seus dois principais adversários nas eleições deste ano. Dos entrevistados,
27% veem Aécio Neves (PSDB) favoravelmente, contra 53% negativamente. Já
Eduardo Campos, do PSB, 24% têm visão favorável e 47%, desfavorável. Um em cada
cinco entrevistados não tem opinião formada sobre Aécio e um a cada quatro,
sobre Campos. Marina Silva, companheira de chapa do socialista, tem avaliação
favorável igual à de Dilma (51%), mas recebe menos notas negativas (37%, contra
49% da presidente).
Pesquisas não são verdades absolutas. Mas indicam
tendências. O risco de o PT perder é alto. Mas, mesmo perdendo, o mito Lula
ainda continua com a imagem preservada. A máquina de propaganda petralha ri à
toa...
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