Por Implicante
O histórico recente de crimes ligados ao PT impedem qualquer
pessoa sensata de aceitar como meras bravatas os ataques que o presidente do
STF vinha sofrendo depois que condenou os mensaleiros à prisão.
Joaquim Barbosa, atual presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), anunciou há alguns dias que se aposentará ao final de junho.
Segundo ele, a causa de sua saída foi apenas “livre arbítrio”, e afirmou que
sempre deixou claro que não pretendia permanecer no STF até a idade-limite de
70 anos. No entanto, de acordo com declarações do chefe de gabinete da
presidência do Supremo, o diplomata Sílvio Albuquerque Silva, os motivos são
outros.
— Havia ameaças de morte, com telefonemas para o gabinete e
a casa dele, com frases covardes como: “Sua hora está chegando” — relatou o
diplomata, na tentativa de explicar o inesperado gesto do presidente do
Judiciário brasileiro.
As ameaças começaram quando Barbosa decretou a prisão dos
mensaleiros José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino. As mensagens vinham de
perfis anônimos cujos responsáveis são simpatizantes do PT.
Em uma delas, um sujeito que usava a foto de José Dirceu em
seu perfil no Facebook escreve que o ministro “morreria de câncer ou com um
tiro na cabeça” e que seus algozes seriam “seus senhores do novo engenho, seu
capitão do mato”. Por fim, chama Joaquim de “traidor” e vocifera: “Tirem as
patas dos nossos heróis!”. Em uma segunda mensagem, de dezembro de 2013, o
recado foi ainda mais ameaçador: “Contra Joaquim Barbosa toda violência é
permitida, porque não se trata de um ser humano, mas de um monstro e de uma
aberração moral das mais pavorosas (…). Joaquim Barbosa deve ser morto”.
A Polícia Federal já havia concluído um inquérito sobre as
ameaças, mas o Ministério Público Federal pediu a sua reabertura para
aprofundar a apuração. Um dos investigados é Sérvolo de Oliveira e Silva, que
foi identificado como secretário de Organização do PT do Rio Grande do Norte. O
assunto foi recentemnte pauta do pronunciamento do senador Alvaro Dias. Segundo
ele, o silêncio de Dilma para com o comportamento de sua militância seria
conivente com os crimes que estão sendo cometidos:
Proximidade com o crime
Apesar de Sérvolo de Oliveira defender-se dizendo que suas
ameaças não passavam de bravata, em se tratando de PT, há com o que se
preocupar. Tanto que o partido afastou por 60 dias o deputado Luiz Moura após
ter sido flagrado em uma reunião com 13 membros do PCC. Nos anos 90, Luiz foi
condenado no Paraná e em Santa Catarina a cumprir 12 anos de prisão por
assaltos a mão armada. Fugiu após pouco mais de um ano de encarceramento. O
crime prescreveu e Moura aproveitou para pedir reabilitação criminal,
declarando-se arrependido e justificando os crimes cometidos graças às drogas
que consumia na época. Hoje, se diz líder dos antigos perueiros e exerce seu
primeiro mandato como deputado na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Quem o apadrinhou bancando a maior fatia dos custos de sua
campanha foi Jilmar Tatto, o atual secretário de transportes da gestão Haddad.
Em 2006, matéria da Veja acusou o então ex-secretário de transporte da gestão
Marta Suplicy de favorecer o PCC em troca de meio milhão de reais. A denúncia
partiu justamente de um perueiro.
Mas os casos mais emblemáticos envolvem mortes de prefeitos
do PT no interior de São Paulo. Em 2006, Gilberto Morgado, prefeito de Monte
Alto, foi encontrado morto em frente a um flat na avenida Rebouças, na capital.
Apesar de a morte ter se dado logo após denúncias contra a empresa que recolhia
o lixo do município, a polícia concluiu que o caso se tratou de suicídio. Em
2001, num assalto, quem veio a falecer foi Toninho, então prefeito de Campinas.
A família rejeita essa versão e a desconfiança de crime político só cresceu
depois que quatro suspeitos foram mortos em uma operação policial em
Caraguatatuba.
Todavia, o mais trágico de todos os casos está ligado à
morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002. Vítima de um sequestro
em São Paulo, teve seu corpo encontrado já sem vida dias depois. O inquérito
policial concluiu que Celso fora sequestrado por engano e morto por um menor
que integrava uma quadrilha com 6 sequestradores. Mas as desconfianças de crime
político são altas. Ao todo, sete pessoas que mantinham alguma ligação com a
investigação foram assassinadas nos anos que se seguiram, levantando a suspeita
de queima de arquivo. Agora em 2014, o o ex-Secretário Nacional de Segurança do
governo Lula, Romeu Tuma Jr, denunciou em livro que chegou a ouvir de Gilberto
de Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral de Dilma, confissões sobre a
participação no esquema dele e de José Dirceu:
“Pô, eu sei o que é ser vítima. Eu também fui vítima da
imprensa. Veja o que eu fiz, de coração. Eu fui falar com a família do Celso,
dizer que o Celso não roubava, que ele não era ladrão, que ele nunca pegou
dinheiro para pôr no bolso, que tudo que a gente arrecadava era pro partido.”
(Palavras de Gilberto de Carvalho segundo Tuma Jr)
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