“Sou persistente e vou continuar insistindo para ver se o
convenço. O principal argumento é a preservação do partido e da vida do André
para ele ter melhores condições de defesa para ele mesmo. O André, em benefício
dele e do PT, deveria renunciar, mas é uma decisão personalíssima e o partido
ou a bancada não podem impor a renúncia. É um pedido que temos feito a ele e
reiterado”.
Nossa! As palavras acima são de Rui Falcão, do PT, e o
“André” a que ele se refere é o deputado André Vargas, aquele que, ao saber que
o doleiro Alberto Youssef havia alugado um jatinho, por R$ 100 mil, para que
ele tivesse férias confortáveis, exclamou: “Isso é coisa de irmão!”. A fala de Falcão está em reportagem de Laryssa
Borges, na VEJA.com.
Eu, hein! Se estivesse no lugar de Vargas e se Falcão
dissesse uma coisa dessas, eu renunciaria correndo e ainda iria me benzer, né?
Imaginem se, da minha renúncia, dependessem, como ele afirmou, “a preservação
do partido e da vida”… Sim, claro!, entendi que esse “a vida” não é exatamente
no sentido, digamos, biológico — aquela que Celso Daniel, por exemplo, perdeu
—, mas existencial. Mesmo assim, eu daria no pé.
André Vargas está que é pura indignação! Sabe na ponta da
língua os serviços que já prestou ao partido, e ninguém da cúpula aparece para
defendê-lo. Vejam que curioso: cassado, ele será, isso é certo, e estará
inelegível por oito anos a partir de 2015. Se renuncia, também estará inelegível
pelos mesmos oito anos, mas o desgaste é menor, ainda que o processo no
Conselho de Ética continue.
Então por que a resistência? Virou uma disputa lá da,
digamos, “famiglia”. Ele já tinha dito que não aceitava ser enxotado. A
interlocutores, tem sugerido que o ministro Paulo Bernardo e a senadora Gleisi
Hoffmann — ambos, como ele, do PT do Paraná — seriam beneficiários de um
esquema ilegal de distribuição de recursos na Petrobras que envolveria o grupo
Schahin.
Padilha
Quem deve estar contente, dado o potencial de estrago, com o
atual estágio do noticiário é Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo
de São Paulo. Afinal de contas, não foi só o avião fretado por Youssef que fez
Vargas cair em desgraça, mas também o lobby que ele fez no Ministério da Saúde
em favor do laboratório-fachada Labogen, uma estrovenga que, segundo à Polícia
Federal, servia à lavagem de dinheiro.
O ministro da Saúde quando se celebrou o contrato era
Padilha. O caso, curiosamente, sumiu do noticiário. Essa história, mais do que
qualquer outra, evidencia tanto as relações de compadrio de Vargas com Youssef
como o uso da máquina federal em benefício de um grupo criminoso. E isso se deu
debaixo do guarda-chuva de Padilha, que também é alvo das mágoas de Vargas.
Nas hostes petistas, o ainda deputado é
considerado um homem-bomba, um “pote até aqui de mágoa”, como diria o petista
Chico Buarque. Por isso, é tratado com todo cuidado. Sabem como é… “Qualquer
desatenção/ faça não!/ Pode ser a gota d’água.” Eu, se fosse o PT, tomaria cuidado
com Vargas. Eu, se fosse Vargas, tomaria cuidado com o PT.
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