Por Ernesto Caruso*
…sem ele, talvez o processo tivesse sido cortado e
postergado a um outro momento
(Cláudio Queiroz)
A construção de Brasília é a consolidação do desbravamento
dos Bandeirantes, da exitosa ocupação militar da fronteira e da marcha para o
oeste, a coincidir o centro do poder ao centro geográfico do território
brasileiro.
Concretização do pensamento estratégico do passado focado
nas questões de defesa, que afastando a sede de governo do litoral, o
preservava das ações já vividas por ocasião das invasões estrangeiras, bem como
nas necessidades de crescimento e desenvolvimento do interior em busca de maior
equilíbrio regional e ocupação dos vazios demográficos. Uma lição para a
ocupação da Amazônia.
Passados cinquenta anos da sua inauguração, comemorações à
parte e exaltação à vontade férrea do seu construtor, presidente da República,
Juscelino Kubitschek, dos seus arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, não se
pode olvidar a participação de alguns militares desde a inserção do registro
constitucional de 1891, no seu Art. 3º, (Fica pertencendo à União, no planalto
central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será
oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital federal.),
emenda apresentada pelo engenheiro militar Lauro Sodré, a nomeação pelo
Marechal Floriano Peixoto da comissão presidida por Luiz Cruls que a demarcou,
a criação da Comissão de Localização da Nova Capital Federal por Getúlio
Vargas, presidida pelo Gen Agnaldo Caiado de Castro, que posteriormente é
substituído pelo Marechal José Pessoa, já sob a presidência da República de
Café Filho.
Como registra a História, José Pessoa e seu ajudante de
ordens, Cap Ernesto Silva, reconheceram a área, resultando desse trabalho, rico
e minucioso estudo, com sugestão de nome e esboço com as formas que lá estão
edificadas no concreto, nas vias e nas superquadras, apresentado de forma
pormenorizada na reportagem do jornalista Alexandre Garcia (vídeo acima)
As minúcias engrandecem a obra, e o destacam como “precursor
do planejamento de Brasília”, inspirador do projeto vencedor, posto em prática,
e esquecido como genial autor. Suficiente comparar e comprovar. O abastecimento
das águas advindas do Rio S. Bartolomeu, rede de esgoto, da energia gerada a
partir do Rio Corumbá, loteamento, quadras, “tesourinhas”, orçamentos, o
“eixão” e o lago, hoje Paranoá, requinte de beleza, aprimoramento da natureza,
moldura de mansões, cenário de pinturas e fotos, presença humana, praia, banho
de sol, lanchas, jet ski, em uma cidade, que será (?), não lhe devota um
monumento, uma placa, um nome.
O marechal José Pessoa é uma das pessoas que, sem ele,
talvez o processo tivesse sido cortado e postergado a um outro momento, porque
ele desempenhou um período fundamental da implantação da nova capital e da
perspectiva da realização efetiva, quero dizer, de tornar real. (professor da
UNB, Arquiteto Claudio Queiroz)
Nos telejornais, com assistência fiel e audiência elevada
não vi referências ao nome do insigne militar, mas que merece sem dúvida a
nossa continência e o respeito da sociedade ao seu trabalho, como cidadão e
soldado.
Fonte: Brasil Acima deTudo
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*Ernesto Caruso é Coronel Rfm do Exército Brasileiro
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