Que vida boa, hein José Dirceu! A partir das 15h45, quando
começou a surra do Real Madrid sobre o Bayern de Munique, eu estava ocupado em
fazer o blog, em pôr no ar um programa de rádio às 18h, em ler a respeito das
peripécias dos políticos brasileiros, em saber, afinal de contas, que diabos a
Comissão de Direitos Humanos havia encontrado na Papuda.
É estupefaciente que essa comissão tenha se deslocado até a
Papuda para constatar como sofre este patriota! Até parece que há poucos
problemas nos presídios brasileiros, não é mesmo? Ou que outros grupos
vulneráveis não estejam sujeitos às mais duras agressões. Eis uma das razões
por que as esquerdas não suportavam que a comissão fosse presidida pelo
deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Aquela história de “cura gay” — projeto que,
de resto, nunca existiu; esta é uma das maiores mentiras contadas na política
brasileira nos últimos anos — era pura cascata. Esses valorosos moralistas
gostam de aparelhar entes do estado para proteger os de sua turma.
Vejam lá: o presidiário Dirceu fez o que Reinaldo Azevedo —
presidiário do trabalho e do suor do próprio rosto — não pôde fazer: ver o show
de bola do Real Madrid e de Cristiano Ronaldo. De resto, está caracterizado:
ele tem privilégios no presídio — cujo chefe, na prática, é o governador Agnelo
Queiroz, do PT — a ninguém mais concedidos.
Não me surpreende. Eis o Zé. Isso o define. Quando militante
estudantil, ele não era exatamente um carregador de piano; gostava era dos
grandes momentos, das apoteoses. Quando treinou guerrilha em Cuba, ganhou fama
de preguiçoso; não deve ter matado ninguém com as próprias mãos porque, de
fato, nunca aprendeu a atirar. Quando voltou ao Brasil como clandestino, virou
marido de uma pequena empresária, levando vida boa. Chegou a Anistia, e ele se
mandou. No governo Lula, sempre foi fiel à causa, mas tinha o seu próprio
aparato. Cassado e sem o cargo, virou um “consultor” de empresas privadas, que
operava em quartos de hotel, onde recebia autoridades da República.
O Zé, em suma, não se aperta. O socialismo,
também o seu, é um sistema para assegurar privilégios.
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