Juliana Dal Piva - O Dia
Rio - Entre as primeiras pessoas que souberam da morte do
coronel reformado do Exército Paulo Malhães na sexta-feira está o também
coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi de
São Paulo (1970-1974). O DIA descobriu no Twitter do site de Ustra “A Verdade
Sufocada” uma postagem sobre o assassinato de Malhães às 13h08 — 31 minutos
antes da primeira notícia em página de empresa jornalística, às 13h39. O site
“A Verdade Sufocada” tem o mesmo nome do livro escrito por Ustra, com sua
versão sobre a repressão.
No site de Ustra, a
informação sobre a morte do coronel Malhães foi divulgada às 13h08 da
sexta-feira
Observação do site www.averdadesufocada.com : Quantas vezes eu vou ter que repetir que o
site não é de militar. Será que ninguém acredita que, em pleno século 21, mulheres
não são capazes de serem responsáveis por sites que não postem apenas assuntos
como moda, culinária, beleza, novelas e outros bem mais leves e agradáveis do
que este?
Leia acima resposta ao pronunciamento do Senador Randolfe
Rodrigues (PSol - AP), sobre o mesmo assunto.
Não sei como ainda o deputado Natalini não fez um relatório
com 100 pontos que incriminassem o cel Ustra com a morte do Cel Malhães, como o
que fez com o acidente de JK, que foi rejeitado pela CNV?
A postagem no Twitter
traz um link para a matéria no site do militar. A notícia diz que Malhães foi
morto com quatro tiros. Há também uma referência ao assassinato do coronel
Júlio Molinas Dias em 2012, e que ele guardava em casa documentos do caso
Rubens Paiva.
A polícia informou na sexta-feira que o corpo de Malhães
tinha sinais de asfixia. A viúva, Cristina, contou que os bandidos cortaram o
telefone da casa. O coronel Ustra mora em Brasília.
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari,
considerou a informação importante para as investigações. “Esse levantamento
vai ser importante. Acredito que vão ter que ouvir pessoas em função disso. É
uma informação relevante”, afirmou Dallari, que ressaltou que todas as
hipóteses devem ser investigadas.
O assessor da Comissão da Verdade de São Paulo Ivan Seixas
disse que o site é uma referência entre os militares. “É a mais importante
referência dos torturadores. É altamente suspeito ter essa notícia antes mesmo
da própria imprensa. Isso chama a atenção e acho que devíamos exigir que a PF
entre no caso”, observou Seixas.
Observação do site: Não sei, também, como Ivan Seixas não
disse que viu ou que alguém lhe contou que o cel Ustra estava no dia do crime
pelos lados da Baixada Fluminense no Rio, com uma equipe?
Desculpem a ironia num caso tão sério e triste como a morte
de qualquer pessoa, mas Ivan Seixas
"esteve presente ou soube" de todos os casos em que o Cel Ustra é
acusado de tortura, morte ou sequestros. Pelo visto ele é onisciente e onipresente!
Durante entrevista ao DIA em março deste ano, Malhães contou
que ele e Ustra tinham trabalhado juntos em algumas operações. Ustra também
prestou depoimento à Comissão da Verdade, em maio de 2013. Na ocasião, negou
sua participação em torturas e assassinatos.
Procurado para falar sobre o caso do coronel Paulo Malhães,
Brilhante Ustra não retornou até o fechamento da edição.
MPF apreende documentos e computadores
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e a Polícia
Federal cumpriram ontem mandado de busca e apreensão na casa do coronel
reformado Paulo Malhães, em Marapicu, em Nova Iguaçu.
Durante as buscas foram apreendidas três computadores,
mídias digitais, agendas e documentos do período da ditadura, inclusive
relatórios de missões das quais Malhães participou.
Peritos estiveram no
sítio, em Nova Iguaçu, em busca de material que possa levar à identificação dos
homens que assassinaram o militar e conversaram com o caseiro
O mandado, feito no sábado por procuradores da República do
grupo de trabalho Justiça de Transição, foi concedido pelo juiz federal
Anderson Santos da Silva. Segundo o MPF, o objetivo era apreender documentos e
possíveis provas que possam contribuir para a elucidação de crimes cometidos
por servidores públicos durante a ditadura militar.
Paulo Malhães foi agente do Centro de Informações do
Exército na década de 1970. Os procuradores já investigavam o militar devido
aos relatos em que confessou ter torturado e assassinado presos políticos.
Em dezembro de 2013 e março de 2014, o MPF tentou,
inclusive, intimá-lo a depôr, mas o militar recusou-se a receber a intimação. A
recusa foi antes de ele ser ouvido pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Em março, antes do depoimento à CNV, Malhães admitiu ao DIA
que participara de torturas e mortes durante a ditadura e que integrara uma
missão em 1973 para desenterrar e ocultar a ossada do ex-deputado federal
Rubens Paiva, desaparecido dois anos antes.
Fonte: A Verdade Sufocada
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