quarta-feira, 2 de abril de 2014

Contrato de Pasadena estava nas mãos de Dilma com 15 dias de antecedência. Não leu!

 
O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse nesta quarta-feira (2) que os conselheiros da Petrobras, incluindo a presidente Dilma, receberam com 15 dias de antecedência o contrato da compra da refinaria de Pasadena (EUA). "Os conselheiros tiveram tempo hábil para examinar o contrato. Se não o fizeram, foram no mínimo levianos ou praticaram gestão temerária", disse Ribeiro à Folha. "Cerveró não vai aceitar ser bode expiatório, porque não há nada de errado com o negócio".

Ele ressalta que não está acusando Dilma ou os demais conselheiros, mas apenas relatando como funciona o processo de aprovação de contratos na Petrobras. Segundo ele, os conselheiros podem ter se esquecido disso dado o "lapso temporal" da aprovação da compra da refinaria, que aconteceu em 2006.

Há algumas semanas, a presidente Dilma afirmou que só aprovou a compra de Pasadena dos belgas da Astra, porque recebeu um resumo "falho". O resumo foi escrito por Cerveró, que ocupava a diretoria internacional da Petrobras. Dilma disse que não sabia da existência das cláusulas "put" e "Marlin", que obrigavam a Petrobras, respectivamente, a comprar a parte dos belgas em caso de desentendimento e a garantir uma rentabilidade mínima para o sócio.

Ribeiro diz que as cláusulas não estavam no resumo do Cerveró, que tinha "apenas uma página e meia", mas que os conselheiros tiveram acesso ao contrato com antecedência.

Após uma disputa na Justiça, a Petrobras acabou pagando US$ 1,18 bilhões pelo total do ativo em 2012, que os belgas adquiriram por US$ 42,5 milhões em 2005. Ribeiro, que é advogado especializado em direito criminal, ressalta que não há nada de errado com os valores, que foram explicados minuciosamente pelo ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em depoimento no Congresso anos atrás.

Ribeiro esteve ontem em Brasília na Câmara, no Senado, na Procuradoria-Geral da República e na Polícia Federal representando Cerveró. Ele entregou uma carta do ex-diretor dizendo que está disposto a prestar todos os esclarecimentos. (Folha Poder)

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