O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse nesta
quarta-feira (2) que os conselheiros da Petrobras, incluindo a presidente
Dilma, receberam com 15 dias de antecedência o contrato da compra da refinaria
de Pasadena (EUA). "Os conselheiros tiveram tempo hábil para examinar o
contrato. Se não o fizeram, foram no mínimo levianos ou praticaram gestão
temerária", disse Ribeiro à Folha. "Cerveró não vai aceitar ser bode
expiatório, porque não há nada de errado com o negócio".
Ele ressalta que não está acusando Dilma ou os demais
conselheiros, mas apenas relatando como funciona o processo de aprovação de
contratos na Petrobras. Segundo ele, os conselheiros podem ter se esquecido
disso dado o "lapso temporal" da aprovação da compra da refinaria, que
aconteceu em 2006.
Há algumas semanas, a presidente Dilma afirmou que só
aprovou a compra de Pasadena dos belgas da Astra, porque recebeu um resumo
"falho". O resumo foi escrito por Cerveró, que ocupava a diretoria
internacional da Petrobras. Dilma disse que não sabia da existência das
cláusulas "put" e "Marlin", que obrigavam a Petrobras,
respectivamente, a comprar a parte dos belgas em caso de desentendimento e a
garantir uma rentabilidade mínima para o sócio.
Ribeiro diz que as cláusulas não estavam no resumo do
Cerveró, que tinha "apenas uma página e meia", mas que os
conselheiros tiveram acesso ao contrato com antecedência.
Após uma disputa na Justiça, a Petrobras acabou pagando US$
1,18 bilhões pelo total do ativo em 2012, que os belgas adquiriram por US$ 42,5
milhões em 2005. Ribeiro, que é advogado especializado em direito criminal,
ressalta que não há nada de errado com os valores, que foram explicados
minuciosamente pelo ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em
depoimento no Congresso anos atrás.
Ribeiro esteve ontem em Brasília na Câmara, no Senado, na
Procuradoria-Geral da República e na Polícia Federal representando Cerveró. Ele
entregou uma carta do ex-diretor dizendo que está disposto a prestar todos os
esclarecimentos. (Folha Poder)
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