O animador de auditórios amestrados vai despejando frases
sem pé nem cabeça enquanto zanza atrás da mesa no palco. Estaciona perto da
nuca de Dilma Rousseff, põe a mão esquerda no ombro da afilhada e empunha com a
direita o microfone . Então, mirando a cabeça da candidata, Lula rosna o que é
simultaneamente uma palavra de ordem e a palavra do mestre a seus discípulos:
“Eles não sabem que nós seremos capazes de fazê, democraticamente, pra fazê com
que você seja nossa presidenta por mais quatro anos neste país”.
Se a polícia cumprisse o seu dever e a Justiça valesse para
todos, o que fizeram de lá para cá o chefe supremo e seus devotos teria
ampliado notavelmente a bancada da seita na Papuda. Nos últimos dois meses,
anotações nos prontuários companheiros confirmam que, para o bando disfarçado
de partido, só é proibido perder a eleição. O resto pode. A turma acredita que
pode, por exemplo, estuprar a CPI da Petrobras, violar a internet para difamar
jornalistas independentes, forçar também o TCU a inocentar culpados ou
chantagear bancos que alertam os clientes para os fracassos da política
econômica sem rumo nem juízo. Fora o resto.
Em nações civilizadas, pecados bem mais leves dão cadeia. No
Brasil, os fora da lei fantasiados de pais da pátria seguem em liberdade,
prontos para atravessar pelo menos mais dois meses fazendo coisas de que até
Deus duvida.
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