domingo, 1 de junho de 2014

Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa confima que tinha "relação amistosa" com Lula e Dilma. Alguém duvida?

 
A Petrobras decidiu construir a refinaria Abreu e Lima (PE), sua obra mais cara, sem ter um projeto definido e fazendo uma "conta de padeiro" para estimar o custo inicial, disse o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, 60. Investigado por suspeita de corrupção e envolvimento com um bilionário esquema de lavagem de dinheiro, ele recebeu a Folha na semana passada para sua primeira entrevista desde que foi libertado, após 59 dias de prisão.

Com custo inicial estimado em US$ 2,5 bilhões (R$ 5,6 bilhões), Abreu e Lima deverá custar US$ 18,5 bilhões (R$ 41,5 bilhões) quando ficar pronta, em 2015. "A Petrobras errou", disse Costa. "Divulgou o valor de US$ 2,5 bilhões sem saber quanto a refinaria iria custar, sem um projeto." O ex-diretor afirmou que não houve superfaturamento nas obras, apesar dos indícios apontados pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Réu na Justiça junto com o doleiro Alberto Youssef, Costa disse que nunca fez remessas ilegais ao exterior.

Paulo Roberto Costa diz que foi indicado para o cargo de diretor de abastecimento da Petrobras, que ocupou de 2004 a 2012, pelo PP. Seu padrinho político foi o deputado José Janene (PP), ligado ao doleiro Alberto Youssef. É preciso, porém, competência técnica para ser aprovado pelo conselho, segundo Costa.

Para todas as perguntas da Folha de São Paulo, o ex-diretor da Petrobras teve uma resposta que torna normais as operações realizadas. É um corrupto profissional. Selecionamos, então, as respostas que comprovam a ligação de amizade entre Paulo Roberto Costa, Lula e Dilma.
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Folha - Numa agenda sua, apreendida pela PF, aparecem nomes de empresas com anotações sobre promessas de doações políticas. O sr. arrecadava fundos para alguém?

Paulo Roberto Costa - Esse documento não foi escrito por mim. Eram ações que iam ser tomadas e não foram. Era arrecadação legal.

Para qual partido?

Era uma ação de apoio para uma candidatura. O nome eu não posso falar. Participei da reunião, mas não posso falar quem estava lá.

Há fornecedores da Petrobras na lista que o sr. conhecia.

Tinha fornecedor da Petrobras e outros que não eram. Eu não era mais diretor quando houve essa reunião. Foi uma semana ou 15 dias antes de eu ir para o lugar a que fui [ao ser preso, em março].

O sr. virou diretor da Petrobras por indicação política?

Quem me indicou foi o PP. Mas eu tinha uma longa carreira. Havia entrado em 1977 por concurso e estava lá há 27 anos. Tinha também diretores indicados pelo PMDB.

O PP pediu algo em troca?

Refinaria gera mais imposto e emprego, o que é bom para deputado, governador.

Só isso? Não é pouco crível?

Eu não tive cobrança de partidos na Petrobras.

Dizem que a presidente Dilma não gostava do sr. por causa das suspeitas de corrupção.

Ela nunca me falou isso pessoalmente. Tivemos uma relação técnica e amistosa. Nunca tive problemas com ela e ela foi presidente do conselho de administração [da Petrobras]. Nossa relação sempre foi muito próxima.

Dilma nunca fez reparos ao trabalho do sr.?

Nunca. Ela foi várias vezes à refinaria Abreu e Lima e sabe disso tudo que eu te falei. O presidente Lula e a presidente Dilma iam visitar [as obras de] Abreu e Lima e perguntavam como estavam as coisas. Eu dizia que tinha problemas porque tinha de fazer três vezes a mesma licitação por causa dos preços altos. Minha relação com ela sempre foi de muito respeito.

Dizem que o presidente Lula gostava do sr. É verdade?

A minha relação com o presidente Lula sempre foi amistosa e de respeito.

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