Por ucho.info
Telhado de vidro – Corrupção é algo inaceitável, mas no
Brasil esse tipo de crime cresce de maneira assustadora, mas a extensa maioria
dos culpados acaba beneficiada pela impunidade. Como sabem os leitores,
política só se faz à base de muito dinheiro, o que leva os políticos a se
envolverem cada vez mais em escândalos de corrupção.
Na festa promovida pela Força Sindical em comemoração ao 1º
de Maio, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SDD-SP) aproveitou o evento
para fazer duras críticas ao governo do PT e à presidente Dilma Rousseff, que
no dia anterior ocupou a cadeia de rádio e televisão para um pronunciamento
oficial cheio de armadilhas e escandalosamente eleitoreiro.
Críticas aos ocupantes do poder são necessárias, desde que
responsáveis, até porque rédea solta significa desmandos, mas Paulinho da
Força, como é conhecido o parlamentar, abusou da deselegância ao afirmar que
por causa da polêmica compra da refinaria de Pasadena a petista Dilma deveria
estar no presídio da Papuda, em Brasília, onde cumprem pena alguns dos
condenados na Ação Penal 470 (Mensalão do PT).
A essência democracia está no equilíbrio de forças e na
convivência pacífica de opiniões divergentes, mas no Brasil a toada é
diferente. Acostumaram-se os políticos a conviver ao redor de um imundo balcão
de negócios, sendo que o escambo torna-se cada vez mais caro e impraticável.
O ucho.info não está a defender a presidente Dilma no caso
de Pasadena, que por comandar à época do negócio o Conselho de Administração da
Petrobras é responsável pela trapalhada, mas não é da forma como sugeriu
Paulinho que faz-se política e muito menos vive-se em um regime supostamente
democrático. O Estado brasileiro tem Poderes constituídos e os cidadãos devem
cobrar a apuração dos fatos com a devida participação do Judiciário.
Ademais, não custa lembrar que Paulo Pereira da Silva está a
anos-luz de ser a pessoa mais adequada para acusar adversários políticos de
envolvimento em supostos casos de corrupção. No rastro da Operação Santa
Tereza, a Polícia Federal flagrou, em 2008, o deputado em um esquema de desvio
de recursos emprestados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) a prefeituras e empresas.
O relatório da PF serviu de base para o pedido de prisão de
onze suspeitos de envolvimento no esquema criminoso. O nome de Paulo Pereira da
Silva não foi incluído na investigação por conta da prerrogativa de foro. Foi
uma estratégia inteligente da Polícia Federal, pois a inclusão do nome de
Paulinho anularia a investigação, uma vez que em casos como esse a legislação
vigente exige autorização do Supremo Tribunal Federal para que um parlamentar
seja investigado.
Entre os citados no relatório da PF apareceu o nome de João
Pedro de Moura, então assessor de Paulinho na Força Sindical. Na ocasião, a PF
classificou Moura como “um dos principais assessores da Força Sindical,
responsável pela ligação da organização criminosa com o banco [BNDES]“.
No relatório, a PF destaca que, em 13 de fevereiro de 2008,
Moura foi fotografado chegando à Câmara. O assessor seguiu para o gabinete de
Paulo Pereira da Silva carregando uma mochila. “É mister perceber, na foto
abaixo, que João Pedro de Moura desembarca pela manhã levando uma mochila, a
qual não é mais vista com ele durante o decorrer do dia”, frisa o documento da
Polícia Federal.
O Brasil não vive o seu melhor momento político, até porque
o que prevalece atualmente é uma impressionante “cleptocracia”, mas essa
enxurrada de acusações, de parte a parte, mostra que o País tornou-se refém de
acirrada guerra entre quadrilhas que se valem de mandatos eleitorais para
permanecer na trincheira da impunidade.
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