Dilma: vaias depois do pronunciamento e da
oficialização da
candidatura. Vai mal!
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- Se Dilma sabe como devolver a inflação para o centro da
meta, por exemplo, por que ela não devolve, então, a inflação para o centro da
meta?
- Se Dilma sabe como acabar com a roubalheira da Petrobras,
por que, então, ela não acaba com a roubalheira da Petrobras?
- Se Dilma sabe como responder aos graves entraves
existentes na infraestrutura, por que, então, ela não responde aos graves
entraves existes na infraestrutura?
- Se Dilma sabe como reverter, ou minimizar ao menos, o
rombo histórico que haverá nas contas externas, por que, então, ela não o
reverte ou minimiza?
- Se Dilma sabe como resolver o estado de miséria da
segurança pública, por que, então, ela não resolve o estado de miséria da
segurança pública?
A resposta é simples: ela não faz nada disso ou porque não
sabe ou porque o arco de alianças que a sustenta no poder não permite. Dilma
tem uma base de apoio gigantesca. Ainda que ela venha a vencer a disputa, terá
certamente menos apoio no Congresso do que tem hoje. Querem um exemplo? Um
eventual governo Aécio Neves contará com um PMDB mais unido na base de apoio do
que um eventual novo governo Dilma, embora esse partido vá para a disputa tendo
garantida a posição de vice na chapa encabeçada pela petista.
Restou ao PT, então, lançar uma cartilha em defesa da presidente
dizendo por que os outros não podem ser eleitos, não por que ela deve ser
reeleita. E aí sobram as picaretagens e as mistificações de sempre, que alguns
vigaristas intelectuais já estão tentando transformar em teoria política.
A defesa da independência do Banco Central — ou de um Banco
Central independente das injunções políticas, que é o mínimo que se pode
esperar da autoridade monetária — foi transformada, na cartilha petista, numa
suposta ação “antipovo”. A afirmação de que um presidente da República não pode
ser refém da popularidade é lida como a defensa de “medidas amargas” contra os
pobres.
Assim, pergunta-se: qual é a proposta do PT? Mais uma vez,
investir na falsa polarização entre “nós” e “eles”; entre os supostos defensores
do povo e seus algozes. Não sei, não… Tenho a impressão de que esse discurso já
não cola mais com tanta facilidade. Ou vamos ver.
Vaia
Neste sábado, a presidente Dilma foi à abertura da 80ª
edição da Expozebu, em Uberaba, Minas Gerais. Quando seu nome foi anunciado,
explodiu uma sonora vaia. Aqui e ali, leio que se trata, afinal, de um “reduto”
do senador Aécio Neves (PSDB), candidato do PSDB à Presidência. É, não deixa de
ser.
Mas e a vaia havida na festa promovida pela CUT, no Vale do
Anhangabaú, em São Paulo? Não se pode chamar, creio, de “reduto tucano” um
evento patrocinado pela central que atua como um dos tentáculos do PT. E, no
entanto, os petistas não conseguiram fazer um miserável discurso. A chuva de
garrafas, latas e bolas de papel não permitiu. A cada vez que alguém
pronunciava o nome de Dilma, era vaia na certa. O mesmo se deu na manifestação
organizada pela Força Sindical.
Então vamos ver: Dilma vai ao ar em rede nacional de rádio e
TV na quarta, anuncia bondades, e é sonoramente vaiada na quinta. O PT
praticamente a oficializa como candidata na sexta, e tome mais vaia no sábado.
A máquina de difamação do petismo sempre foi muito poderosa
— não é de hoje. Vem lá dos tempos em que era um pequeno partido de oposição. A
Internet multiplicou muito o seu poder. Mas me parece que, desta feita, as
pessoas já estão um tanto mais precavidas.
A imprensa e o “Paradigma Louis Renault”
O PT parece andar sem ideias. Em sua cartilha, a imprensa
apanha mais uma vez, tratada como o verdadeiro partido de oposição do Brasil.
Os petistas consideram que noticiar as lambanças na Petrobras ou os vínculos de
André Vargas e Alexandre Padilha com o doleiro Alberto Youssef é “coisa de
oposição”? Não! É coisa do inquérito da Polícia Federal.
Mas sabem como é a boca torta. Lembram-se de Louis Renault,
o capitão de polícia corrupto do filme “Casablanca”? Ao dar uma ordem a seus
subordinados para apurar os responsáveis por um assassinato — e com o intuito
de proteger Rick, seu amigo —, dispara uma frase que ficou famosa: “Round up
the usual suspects” — “prenda os suspeitos de sempre”.
O jornalismo independente está entre os “suspeitos de
sempre” do petismo. O paradigma de honestidade do partido é aquela gente que
vive pendurada nas tetas das estatais e da verba oficial de publicidade. Os
petistas parecem acreditar apenas na “honestidade intelectual” que tem um
preço.
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