Este blog já teve sérias desavenças com o instituto de
pesquisas Sensus, pelos seus erros constantes nas eleições de 2010. Errou muito
e por muito. Usou a mesma amostra de municípios em pesquisas diferentes. Sempre
apresentou o número de brancos e nulos muito acima dos outros institutos. O
próprio PSDB apontou uma série de inconsistências em pesquisa realizada na
última eleição presidencial. Leia aqui.
No entanto, as críticas do blogueiro do Estadão, José
Roberto de Toledo, publicadas hoje estão longe de ter força para desqualificar
o levantamento que mostra Aécio crescendo e Dilma caindo, aliás, como todas as
pesquisas estão demonstrando. Parece mais uma tentativa de desqualificar o
instituto a priori, o que é péssimo em jornalismo.
Toledo diz que o Sensus trabalha para os tucanos, que saiu a
campo logo depois do programa do Aécio, que colocou o nome do tucano antes da
Dilma, que, enfim, não agiu dentro das “melhores práticas” das pesquisas
eleitorais. Não existe nada de errado em usar a ordem alfabética que, aliás, é
praxe nos maiores institutos do mundo, como o Gallup e o Ipsos. Para quem
acompanha pesquisas e tem memória, em junho de 2002 a Sensus foi
questionada pelo PSDB nacional quanto à lista em ordem alfabética dos
candidatos. O TSE deu ganho de causa para o instituto, derrotando a petição dos
tucanos.
Quando ao fato do Sensus também fazer pesquisa para o PSDB,
assim como para vários outros partidos, Toledo teria a obrigação de registrar
que Ibope e Vox Populi têm gordos contratos com o Palácio do Planalto. Isento,
o moço não faz a mínima menção ao fato.
O jornalista também não questionou o Datafolha quando, em
outubro de 2013, iniciou pesquisa um dia após o programa de Eduardo Campos ter
entrado no ar. E também não está questionando o mesmo instituto sair para nova
pesquisa no dia seguinte ao do pronunciamento de Dilma Rousseff no Dia do
Trabalhador.
Quanto à pesquisa ter sido registrada depois do campo ter
sido feito é o mesmo que fez a Vox Populi, recentemente, sem que o blogueiro
emitisse qualquer crítica. Aliás, este instituto, vinculado à Carta Capital e
ao governo federal, fez este levantamento antes que os comerciais de Aécio
entrassem no ar e só a divulgou depois, para dar a impressão de que as inserções não tinham surtido efeito sobre
o eleitorado. O resultado da pesquisa apontou, segundo o Estadão, “estabilidade
nos números dos três candidatos”.
Toledo também critica que o questionário tem perguntas
conjunturais precedendo intenção de voto e avaliações de popularidade. Ora, o
Ibope, que trabalha em parceria com o Estadão, utiliza a mesma estratégia. O
blogueiro, se tão especialista em pesquisas eleitorais, em vez de críticas
gratuitas e superficiais, poderia explicar aos seus leitores as diferenças
entre as metodologias dos institutos, entre as quais:
1) A amostra da Sensus é por setores censitários do IBGE,
com variáveis amostrais para urbano/rural, sexo, idade, escolaridade e renda.
Os candidatos são apresentados com seus respectivos partidos, como ocorre nas
eleições.
2) O Ibope também utiliza amostra por setores censitários do
IBGE, com variáveis amostrais para sexo, idade, escolaridade e ramo de
atividade, mas sem ir ao rural que representa 14% do eleitorado. Questionário
com os candidatos sem os partidos, diferente das eleições.
3) Já o Datafolha utiliza fluxo de pessoas nas ruas, com variáveis
amostrais somente para sexo e idade. Não vai ao rural, que representa 14% do
eleitorado. A escolaridade é coletada em campo, sem ser previamente uma
variável amostral. Na última pesquisa do Datafolha, por exemplo, a escolaridade
fundamental de 16 anos que é de 54% no IBGE, apareceu neste instituto com
apenas 38%, com significativo desvio amostral. Além disso, o seu questionário
não apresenta os partidos dos candidatos, diferente do que ocorre na hora da
votação.
O Sensus, como dissemos anteriormente, não é o estado da
arte em pesquisas eleitorais. Mas nesta pesquisa apenas confirma o que todos os
outros institutos vêm mostrando. Um crescimento consistente de Aécio Neves, uma
estabilização de Eduardo Campos e uma queda de Dilma Rousseff. Mais do que metodologias
de pesquisa, o que parece estar incomodando o blogueiro do Estadão são os
resultados. Aí o caso deixa de ser metodológico e passa a ser ideológico.
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