Imperdível a entrevista de Claudio Haddad nas páginas
amarelas da Veja desta semana. Haddad foi sócio do Banco Garantia e fundador do
Ibmec, hoje Insper em São Paulo. É doutor pela Universidade de Chicago. Suas
opiniões sobre educação devem ser ouvidas e respeitadas. E não são nada favoráveis
ao modelo atual.
Haddad reforça a acusação que venho fazendo aqui no blog
desde o começo: nosso sistema educacional é uma grande máquina de doutrinação
ideológica. Ele comprovou isso de uma forma interessante: fez duas vezes a
prova do Enade, pois seus alunos tinham se saído mal e ele queria ver o que
tinha acontecido.
Na primeira vez, respondeu com base em seus conhecimentos, e
errou metade da prova. Na segunda vez, respondeu com base naquilo que achava
que os organizadores da prova desejavam como resposta, de acordo com seu viés
ideológico, e acertou quase tudo. A constatação ficou clara:
Uma prova cheia de rodeios e com grande espaço para
interpretação subjetiva é um prato cheio para doutrinadores testarem o
alinhamento ideológico em vez de o conhecimento objetivo. Haddad cita alguns
exemplos de claro viés ideológico na entrevista. O que é testado é o grau de
proximidade ideológica dos alunos. Aqueles que respondem de acordo com uma
mentalidade esquerdista se sobressaem. De onde vem isso? Diz Haddad:
Os leitores podem me acusar de francofóbico, mas a verdade é
que muita porcaria nessa área de humanas vem mesmo da França. Já resenhei aqui
o livro Maquiavel Pedagogo, do também francês Pascal Bernardin (às vezes um se
revolta e se destaca na luta pela liberdade lá). Ele mostra como a pedagogia
moderna se transformou em doutrinação ideológica.
Enquanto isso, os Estados Unidos, também contaminados, mas
em menor grau, seguem produzindo vários ganhadores de Prêmio Nobel, e Israel
segue despontando com suas universidades meritocráticas. Qual modelo o Brasil
vai seguir?
Claudio Haddad, que deveria ser o ministro da Educação no
lugar do outro Haddad, o petista que hoje é prefeito de São Paulo, oferece a
solução: as universidades se aproximarem mais do mercado, das empresas, da
realidade objetiva:
Mas vai mexer nessa Torre de Marfim, repleta de marxistas
que sequer leram Marx! É como mexer num vespeiro. Ainda assim, se desejamos
melhorar nossa qualidade de ensino e colocar o país na rota do crescimento
sustentável, teremos de fazer exatamente isso: mexer nesse vespeiro ideológico
e libertar nossas universidades da praga marxista que doutrina em vez de passar
conhecimento objetivo aos alunos.
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