Por Bene Barbosa*
Em 13 de junho de 1927, Lampião aprenderia a sua mais dura
lição. Não pelas mãos da polícia, do exército ou de qualquer outra força
regular do Estado, que, já naquela época, tinha a obrigação de proteger seus
cidadãos e, tal como hoje, não o conseguia fazer a contento. A lição aprendida
por Lampião foi enfrentar uma cidade toda armada e disposta a não se entregar.
Por ordem do prefeito Rodolfo Fernandes, velhos, crianças e
mulheres foram imediatamente retirados da cidade. Aos aproximadamente 300
homens que se dispuseram a lutar, foram entregues armas, embora já naquela
época o Governo Central fizesse pressão para que a população fosse desarmada.
Lampião, certo da sua superioridade em armas, não hesitou em avançar sobre a
rica cidade de Mossoró.
Tanta era sua certeza que os seus cangaceiros adentraram
cantarolando. O canto foi rapidamente calado pela fuzilaria que se seguiu. Bem
armados e entrincheirados, muitos em posição elevada sobre as torres das
Igrejas e no telhado da casa do prefeito, os resistentes não tiveram qualquer
dificuldade em fazer chover balas sobre o bando de Lampião, que em pouquíssimo
tempo de luta mandou seus homens recuarem e desapareceu, para nunca mais
voltar.
Quase um século depois, em 1º de setembro de 2011, será
lançada oficialmente na mesma cidade de Mossoró a Campanha de Desarmamento,
tentando, mais uma vez, fazer com que a população se desarme. Não tenho a menor
dúvida do fracasso de tal empreitada, que resultará em mais um grande
desperdício de verba pública. A certeza vem do número divulgado pela Polícia
Federal das armas entregues desde maio - quando do lançamento nacional da atual
edição da campanha - até o final de julho: apenas 15 (quinze) unidades em toda
a região.
Não há dúvidas que o simbolismo do episódio histórico, que
orgulhosamente a população encena todos os anos na peça “Chuva de Balas no País
de Mossoró”, foi o fator decisivo para o Ministro da Justiça escolher este
local de lançamento. Não faço ideia do
que, quase 100 anos depois, a população e os governantes dirão ao Ministro
Eduardo Cardozo, mas tenho certeza que se tal campanha acontecesse na véspera
de 13 de junho de 1927 a resposta do prefeito e dos 300 heróis de Mossoró seria
um enorme e inconteste: “VÁ DESARMAR É O LAMPIÃO!”
Fonte: LIBERTATUM
Comentário de LIBERTATUM: este artigo, embora se refira ao ano de 2011, continua atual. Publiquei-o porque um fervoroso fã do bandido Lampião, a quem se refere como um herói, postou um sonso comentário no vídeo com o debate entre Bene Barbosa e a pré-candidata à Presidência Denise Abreu, bem como também para homenagear a população de Mossoró, que pegou em armas pera defender a si mesma.
____________
*Bene Barbosa é especialista em segurança pública e presidente da ONG Movimento Viva Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário