Por Márcio Accioly*
Depois de idas e vindas, e algumas repercussões mais do que
negativas, eis que o ex-presidente FHC, carinhosamente chamado “Boca de Tuba”,
decidiu apoiar a CPI da Petrobras, tentando inflar a candidatura de seu
correligionário, Aécio Neves (PSDB-MG). O escândalo que ora se encontra
estacionado na estatal do petróleo deixa à mostra a modalidade de ladroeira
praticada no Brasil, envolvendo as principais figuras do governo e da oposição.
O país se encontra inteiramente dominado por bandidos.
A Petrobras é a galinha dos ovos de ouro e vem deixando
muita gente confortável na vida: governantes que se locupletam nos cargos
públicos e roem tudo como se cupins de aço fossem, perpetuando a miséria da
população. Ao povo brasileiro, só resta pagar a conta e manter silêncio. O
desmonte que acontece na Petrobras (agora na era petista), já teria sido motivo
de providências imediatas, não fosse o Brasil um país de faz-de-conta.
Quando era diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo
(1999), o então genro de FHC, David Zylbersztajn, defendeu a privatização da
Petrobras bem como a venda de refinarias daquela empresa. Não fez tal
declaração, certamente, sem o conhecimento de FHC, pois se não houvesse
concordância seria afastado imediatamente de suas funções. No Brasil, as coisas
são sempre assim: os bandidos da oposição denunciam os que estão no poder
apenas para lhes substituir e adotar o mesmo procedimento.
Na presidência da Petrobras, o banqueiro Henri Philippe
Reichstul tentou até mesmo mudar o nome da empresa (para Petrobrax), ainda na
gestão FHC (1995-2003). O presidente da estatal posou ao lado do novo logotipo
da empresa, mas a grita foi tão grande que todos terminaram por recolher o trem
de pouso e alçar novos voos em busca de outras privatarias. O PT, no governo,
não vendeu a Petrobras: destruiu-a nas ações de rapinagem e completa desordem.
Vamos ver se agora é possível tomar novo rumo, quando se
fala na possibilidade de CPI para apurar o mar de irregularidades existentes.
Mas é difícil instalar a CPI da Petrobras, quando são tantos os envolvidos em
falcatruas capazes de derrubar a República, pela exposição de graúdos larápios
à frente das decisões. O ex-governador de São Paulo José Serra, cujo governo é
acusado de receber propina no escândalo do metrô paulista, já se declarou
visceralmente contra a instalação de CPI.
A prisão recente de Paulo Roberto Costa pela Polícia
Federal, em operação que apura lavagem de dinheiro, traz outro enorme
complicador para a instalação da CPI. Costa, funcionário de carreira da
Petrobras, foi diretor de refino e abastecimento e passou por vários governos
da República ao longo de 35 anos na companhia. Sabe de tudo e mais alguma
coisa. Se abrisse o bico, não restaria pedra sobre pedra. Mas abrir o bico
mesmo para quê?
Não se vê nenhum bandido entregando nada, delatando, dizendo
o que sabe, porque a rede é bem articulada e envolve pessoas qualificadas em
todos os ramos e poderes. Além do mais, as leis são lenientes. Culpa-se o
Judiciário, mas quem faz as leis é o Congresso Nacional, que procura aliviar a
barra dos envolvidos. Ir para a prisão no Brasil somente depois de milhões de
recursos, apelos, marchas e contramarchas.
É melhor ficar calado e gozar benefícios do que se arriscar
à toa e colocar a vida em risco. Quem quiser exemplo mais recente que observe a
situação do “empresário” Marcos Valério, no caso do mensalão. Único condenado a
penas de prisão de fato duras, depois de cansativo processo, calou-se. Ele
revelou ter sido agredido e advertido na primeira vez em que esteve preso e a
lição lhe foi proveitosa. Em tempos não tão antigos, iríamos para uma
revolução. Para quê? Hoje, parece que só teremos desordem.
Fonte: Alerta Total
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* Márcio Accioly é Jornalista.
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