Por Reinaldo Azevedo – VEJA
O vídeo abaixo traz imagens fortes. Infelizmente, no
entanto, creio que ele tem de se espalhar. É preciso que fique claro, com todo
o sangue e com todas as mortes, o que é e como age o grupo Estado Islâmico do
Iraque e do Levante (EIIL) — ou ISIS, na sigla em inglês, liderado por um psicopata
que se identifica como Abu Bakr Al-Baghdadi, cujo verdadeiro nome é Ibrahim ibn
Awad, ou “Califa Ibrahim”. Antes de fundar o EIIL, ele foi o braço da Al Qaeda
no Iraque, e o próprio Bin Laden repudiava os seus métodos. Por incrível que
pareça, chegou a ser preso pelas tropas americanas em 2005. Ficou quatro anos
numa base no Iraque, mas foi solto em 2009.
Al-Baghdadi quer criar um califado em parte do território da
Síria e do Iraque, hoje sob o domínio do grupo. No vídeo, vocês veem parte de
1.500 adolescentes que foram executados a sangue frio, com tiros na cabeça,
depois de implorarem por suas vidas. Os corpos ou foram enterrados,
enfileirados, em cova rasa, ou foram jogados no Rio. Há muito tempo o mundo não
assistia a coisa parecida. Volto em seguida.
Retomo
A gente até pode não ter estômago para ver o horror até o
fim, mas um vídeo como esse tem de circular. É preciso que a natureza dessa
gente seja exposta. Os EUA já executaram quatro ataques aéreos às bases
terroristas, o último, enquanto escrevo aqui, tinha acontecido no sábado. A
ação, felizmente, facilitou o avanço das tropas curdas, que retomaram as
cidades de Gwer e Makhumur. Depois de Barack Obama ter feito a espantosa
besteira de ter deixado o Iraque entregue ao terror, toma agora uma providência
— ainda modesta, diga-se.
Mohammed Shia al-Sudani, ministro dos Direitos Humanos do
Iraque, afirmou neste domingo que pelo menos 500 pessoas da minoria yazidi, que
professa uma religião pré-muçulmana e é considerada pelos jihadistas cultora do
diabo, foram assassinadas desde que os terroristas chegaram à região da
montanha do Sinjar. Mulheres e crianças teriam sido enterradas vivas.
Assistindo ao vídeo, não há por que duvidar da informação. Dezenas de milhares
de yazidis se embrenharam na montanha e estão encurralados.
Atenção: o vídeo tétrico foi feito pelo próprio grupo, e o
narrador está exaltando as mortes como um trabalho de purificação. O que
impressiona é que os terroristas estão armados até os dentes, com fuzis,
tanques e bateria antiaérea. Quem financia essa gente? Essa, sim, é a
investigação que os Estados Unidos e as potências europeias têm de fazer. Os
financiadores do horror devem ser considerados o que são: terroristas também.
Aqui e ali, vejo que o nome do grupo não é bem
compreendido. A palavra “levante” da sigla nada tem a ver com a sua revolta em
si. O “Levante” — “Oriente ou Leste”, na origem Latina — compreende uma região.
O “Levante Mediterrâneo” vai da Faixa de Gaza até parte da Turquia, passando
por Israel, Jordânia e Síria. Assim, o celerado Baghdadi quer construir o seu
califado em toda essa área, além, claro!, do Iraque, onde nasceu. São as suas
modestas pretensões. É claro que ele não vai conseguir. Mas quantos mais pretende
matar em sua sanha homicida?
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