Dilma Rousseff em entrevista coletiva no Palácio da
Alvorada, em Brasília (André Dusek/Estadão Conteúdo)
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Presidente concedeu entrevista (como candidata) neste
domingo, no Palácio da Alvorada, mas não quis se aprofundar no tema
A presidente-candidata Dilma Rousseff tentou neste domingo
minimizar a crise enfrentada pela Petrobras — e classificou a série de
escândalos envolvendo a estatal como "factoide político" para
comprometer a petroleira. Em entrevista coletiva concedida no fim da tarde no
Palácio da Alvorada, em Brasília, ela fez uma menção genérica às revelações
envolvendo a estatal — a contadora do doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema
bilionário de corrupção desbaratado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal,
Meire Poza, confirmou a VEJA que a empresa era utilizada para abastecer um
esquema criminoso de lavagem de dinheiro. A entrevista deste foi organizada
pela assessoria da campanha eleitoral da presidente, e não pelo Palácio do
Planalto.
"Se tem uma coisa que a gente tem de preservar, porque
tem que ter sentido de Estado, de nação e de país, é não misturar eleição com a
maior empresa de petróleo do país. Isso não é correto, não mostra nenhuma
maturidade. Eu acho fundamental que, na eleição e nesse processo que nós
estamos, haja a maior e mais livre discussão. Agora, utilizar qualquer factoide
político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito
perigoso", afirmou. A presidente encerrou a coletiva em seguida e não quis
responder outras perguntas sobre o tema. Dilma também afirmou que não há uma
decisão sobre o aumento no preço dos combustíveis derivados de petróleo. Ela
deixou a questão em aberto: "Necessariamente, em algum momento no futuro
pode ser que tenha um aumento, eu não tenho como discutir isso aqui sem dos
dados", disse ela.
O congelamento de preços é tido como uma das causas das
perdas sucessivas da Petrobras nos últimos meses. Parte do mercado acredita que
o governo só vai autorizar a elevação de preços após as eleições.
Dia dos Pais — Pronunciamentos de Dilma à imprensa em pleno
Alvorada são incomuns. E ela não tinha nada de relevante a anunciar: queria
apenas parabenizar os pais por seu dia, comemorado neste domingo. "Feliz
Dia dos Pais para os rapazes e para nós, também, porque todos nós temos
pais", afirmou ela aos jornalistas.
"Eu sou chefe da nação. Portanto, esse dia também faz
com que a gente tenha de reforçar o compromisso de melhorar as condições de
vida de todas as famílias brasileiras", disse, em seguida. A presidente
contou ter usado o Facetime, um programa de conversa em vídeo pela internet, para
conversar com seus parentes e com os "dois pais" que tem em sua
família: o ex-marido, pai de sua filha, e o genro, pai de seu neto.
Ataques — Na entrevista, a presidente também disse que não
vai reduzir nem aumentar o número de ministérios. "Eu posso pedir uma
coisa a vocês? Pergunte qual ministério eles vão reduzir", disse ela. A
presidente citou os Ministérios da Micro e Pequena Empresa, dos Direitos
Humanos, da Igualdade Racial, da Pesca e de Políticas para as Mulheres. E
defendeu, um a um, a permanência deles na estrutura do governo. "Esse
formato responde a um momento histórico do Brasil. O momento histórico mudando,
eu mudo (...). Alguns deles vão evoluir e poder até não ser ministério",
afirma a presidente, que usou o termo "cegueira tecnocrática" para criticar
os defensores de um enxugamento no número de pastas.
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