Por Gen Ex José Carlos Leite Filho
Houve época em nossa história em que um “mar de lama”
derrubou um presidente da República pelo repúdio da população aos desacertos
governamentais. Nos dias atuais, o mau cheiro é maior em consequência da
corrupção que se alastra a cada dia, um verdadeiro tsunami de podridão em que
chafurdam personalidades gradas do país.
A revista Veja (nr.
15, de 09/04/14) mostra aos seus leitores “como o PT está afundando a Petrobras”
e aponta, sem reticências, fatos e nomes de protagonistas encastelados no poder
que parecem zombar das instituições e dos órgãos incumbidos de zelar pela ética
no trato da coisa pública. É de estarrecer o envolvimento despudorado do
vice-presidente da Câmara dos Deputados, dentre outros, em associação com um
doleiro “para fraudar contratos no governo e, juntos, ganhar uma fortuna”. São tantas as falcatruas denunciadas e os
seus graúdos personagens, que até parece que eles interpretaram em seu favor o
histórico lema que dizia que “o petróleo é nosso”. De uma pujante empresa
brasileira, orgulho nacional, a Petrobras passou a ter lugar de destaque no
noticiário policial, pois era da associação dos criminosos denunciada “o plano
de enriquecer”...
Revoltante é também a coincidência dos fatos publicados
referentes à escandalosa compra pela Petrobras de uma refinaria obsoleta
situada em Pasadena, Texas, pela qual o seu antigo proprietário pagou 42,5
milhões de dólares e, um ano após, repassou à empresa brasileira pelo
astronômico valor de 1,2 bilhão. Apesar do princípio da transparência ser
essencial no trato da coisa pública, a negociação aconteceu em 2006 e só agora
se cogita do conhecimento de detalhes do surrealista negócio e da identificação
dos negligentes adquirentes.
Parece oportuno estranhar ainda a repetida preocupação do
governo brasileiro com o sigilo em contratos internacionais aparentemente
comuns, haja vista a contratação com Cuba, via OPAS, do badalado programa “Mais
Médicos” cujos termos só poderão ser do domínio público daqui a uns dez anos.
Se quem não deve não teme, é de se esperar que as
instituições envolvidas nos casos citados, mormente o Congresso Nacional, se
mostrem favoráveis às investigações necessárias, quer pela Polícia Federal quer
pelos seus próprios órgãos competentes, para estampar a verdade e punir os
culpados, pois do jeito que está não pode ficar.
A democracia não consiste apenas em eleições e na liberdade
de expressão. É indispensável valorizar o suor do trabalho e jamais permitir
que os brasileiros venham a ter vergonha de ser honestos.
Fonte: A Verdade Sufocada
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