Por Alexandre Garcia
Um amigo administrador de empresa me aconselha: “Me prometa
jamais imaginar em registrar um CNPJ lá no Brasil”. Como faz um quarto de século que virei
empresário, o conselho chega tarde, mas revela o quanto o amigo me estima e
deseja a minha felicidade. Não importa o ramo de negócio, o audaz empreendedor
brasileiro tem que sobreviver com quase 39% de impostos.
Cada ano, até maio, vai trabalhar para sustentar os
governos. E o ministro da Fazenda acaba de anunciar que neste ano pode aumentar
impostos: “Aumento de impostos é reserva que temos se for necessário para
elevar arrecadação”. Motivo simples, esse: aumentar a arrecadação. Pelo
impostômetro, já pagamos até agora 300 bilhões de reais, só neste ano. R$
62.500 por segundo!
Supostamente, com esse Amazonas de dinheiro saído do
trabalho do contribuinte, teríamos excelentes serviços públicos de educação,
saúde, segurança… Como se depreende das declarações do ministro Mantega, a fome
dos governos não tem limites. Quando alguém consegue o CNPJ, vem com ele uma
sopa de letrinhas gulosas: PIS, Cofins, FGTS, INSS, DIRFs, IPI, ICMS, ISS,
IPTU, DUT, IPVA, IRPJ, com regras e alíquotas que podem estar diferentes quando
o titular do CVPJ sair da cama no dia seguinte. Mas tem vítima maior.
É o empresário rural. De grãos, esse que garante a balança
comercial é coisa para internação em hospício. Além de preparar a terra, se
defender das pragas e do MST, depender do excesso ou falta de chuva, tem que
colher, estocar, transportar, vender e embarcar no país sem capacidade de
armazenar, sem ferrovias, sem navegação fluvial, com portos congestionados e
rodovias ruins, ainda tem a maior quebra da colheita: governo inventando
dificuldades e pondo facilidades só no discurso. No palanque, elogiam os que
produzem e criam empregos, mas nas suas rezas a São Marx exorcizam o lucro,
esse pecado mortal do capitalismo.
A fé nesse santo é tão doentia que até a empresa que o
próprio Estado administra, a Petrobras, está proibida de ter lucro para ter
capacidade de investir e crescer: quando mais vende, mais perde. É a inversão
que contaminou o país.
No catecismo de são Marx, a santidade será obtida quando
todos os empresários se transformarem em funcionários públicos – até o
sapateiro, como aconteceu na Tchecoslováquia, num fevereiro de 1948. Perguntem
a um tcheco, como foi, e ficará preocupado. Eles lembram o 21 de fevereiro não
para comemorar, mas para evitar que nunca mais se repita. A seita não consegue
repetir por lá, mas tem esperança no Brasil, já embrulhado. Mas não esmoreça:
milhões de brasileiros do Bolsa Família dependem do seu trabalho e seus
impostos.
Maioridade – Há muita gente confundindo
democracia com bagunça. Esquecem o dístico da bandeira: “Ordem e progresso”.
Ordem vem em primeiro lugar e é condição para o progresso. A bagunça afugenta
investidores e até brasileiros que, aos milhões, estão preferindo férias no
exterior, mais seguro e mais barato. Os políticos e governantes parece que
estão vivendo numa redoma, apartados do Brasil real. Tanto que a prioridade no
Congresso, neste ano quase nulo por causa de carnaval, Copa e eleições, não
inclui a preservação da vida dos brasileiros, ameaçada diariamente pelo
banditismo e a desordem. Ninguém tem coragem de mudar as leis penais, inclusive
para acabar com a casta de inimputáveis – os bandidos com menos de 18 anos.
Fonte: Brasil Acima de Tudo
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