No último sábado, o ponto de partida do discurso em que
Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, criticou a
gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) não foi o ensino, a segurança ou a saúde
pública. Padilha começou a falar à militância petista com a página inicial do
site do governo do Estado mostrada em uma projeção. "Se um jovem entrar no
site e quiser descobrir como se inscrever em uma faculdade paulista, não vai
conseguir e vai desistir."
A escolha tem razão de ser, já que a fala ocorreu no Camping
Digital, organizado pelo partido a fim de orientar seus seguidores a como se
portar na web nas eleições. Inspirado na Campus Party, evento anual que ocorre
em São Paulo com entusiastas de tecnologia, o evento custou R$ 400 mil ao
partido.
Durante o feriado de Páscoa, militantes acamparam em um
clube na zona rural de São José dos Campos (a 97 km da capital) e assistiram a
palestras e debates. Entre quinta e domingo, a Folha esteve acampada em meio a
eles. As principais conclusões são que os petistas têm dificuldade de difundir
seu discurso nas redes sociais a quem não é simpatizante do partido e que a
oposição é mais bem articulada. "Este é o novo espaço de disputa",
defendeu Tiago Pimentel, um dos palestrantes. "E a direita percebeu isso
antes de nós."
Para quebrar a rejeição que enfrentam na internet,
principalmente no Facebook e no Twitter, os petistas devem adotar a linguagem
do "meme", imagens de fácil compreensão e na maioria das vezes de
cunho humorístico, em detrimento do discurso de "panfleto" --descrito
por palestrantes como "textos longos e chatos que ninguém lê".
"Se a gente faz uma piada de política que envolve o
Michael Jackson, por exemplo, atingimos não só a pessoa que gosta de política,
mas também a que gosta de Michael Jackson", exemplificou Cleyton Boson,
coordenador de mídias sociais da Prefeitura de Guarulhos.
Em relação às possíveis investidas endereçadas ao PT, Emídio
de Souza, presidente do partido no Estado e coordenador de campanha de Padilha,
deu o recado: "Não deixem ataque sem defesa". Ele aproveitou para
rebater reportagens que trataram o evento como uma forma de a sigla recrutar um
exército para as redes sociais. "Para defender Padilha, Dilma ou Lula, não
precisamos treinar ninguém. Aqui todo mundo é escolado."
ANONIMATO
O rastreamento da NSA, agência de segurança dos EUA, é
motivo suficiente para se usar técnicas que dificultam a identificação na web.
Foi com essa justificativa que várias mesas versaram sobre como tentar driblar
métodos utilizados por sites para traçar o perfil do usuário. As técnicas
ensinadas, porém, também podem ser usadas para dificultar possíveis
investigações sobre responsáveis por ofensas na rede.
No debate de encerramento do encontro, o ex-ministro
Franklin Martins defendeu uma legislação específica para tratar da regulação de
emissoras de televisão e de rádio. O objetivo seria garantir que minorias
tivessem mais espaço nos meios de comunicação. "Todos os serviços públicos
que dependem de concessão no Brasil têm regulação, exceto a radiodifusão",
afirmou. "Isso não tem nada a ver com censura." (Folha de São Paulo)
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