Por Gen Ex R1 Rômulo Bini Pereira
Nos conflitos da humanidade, historicamente, a pior e mais
sangrenta guerra é aquela entre irmãos. Ela deixa marcas indeléveis que
impactam as populações dos países onde ocorre. A Guerra da Secessão nos Estados
Unidos e a Guerra Civil Espanhola bem demonstram os reflexos desses conflitos
até os nossos dias. Em nosso país as lutas fratricidas das décadas de 60 e 70
deixaram sequelas que impedem uma efetiva reconciliação e que ainda perturbam o
atual cenário político.Em manifestações sindicalistas na cidade do Rio de
Janeiro o brado de "Vamos à guerra!" foi ouvido. O seu autor foi o
ex-presidente Lula e para muitos um ato surpreendente e irresponsável para quem
conduziu os destinos deste país por oito anos. De alto e bom som o
ex-presidente pregou a necessidade de um posicionamento agressivo para salvar a
nossa maior empresa — a Petrobras — que estaria sendo predatoriamente destruída
por segmentos políticos oposicionistas. Acresceu ainda em suas palavras os
costumeiros e preferidos chavões das esquerdas brasileiras, quanto a um
possível golpe institucional em andamento e conduzido pelas "zelites”.
Para se equiparar ao seu irmão Maduro, da Venezuela, faltou somente criticar o "Satã
do Norte”, os americanos.
Nessa sua defesa ele empenharia o "exército do
Stédile", os integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) que, com
manifestações em todo o país, poderiam até desestabilizar as instituições
democráticas. As duas afirmativas do ex-presidente mais parecem um conto
interminável dos que nos governam há mais de doze anos, ou uma fábula surgida
de suas férteis imaginações. O povo brasileiro não quer a destruição da
Petrobras, um símbolo nacional. Ao contrário, quer que todos corruptos que se
apossaram da empresa no seu governo e da sua afilhada — a presidente Dilma —
sejam julgados e condenados.
Não é compreensível que essas duas lideranças políticas não
tenham tido conhecimento dos graves problemas que existiam na empresa. Os
órgãos governamentais que lhes poderiam assessorar ou informar a respeito
falharam em suas missões ou não foram ouvidos. O “Eu não sabia!”, a costumeira
declaração desses mandatários já se tornou um bordão, e é motivo de ironias e
piadas nas redes sociais.
A segunda proposta do ex-presidente — infeliz e semelhante
às de agitadores de rua — é para incendiar o país com o "exercito do
Stedile" em defesa da Petrobras e da democracia. Não se sabe se é a
democracia vigente ou a democracia totalitária preconizada pelo "Fórum de
São Paulo". É uma proposta no mínimo preocupante. O MST não é somente um
movimento sindical que luta pela reforma agrária, a sua permanente fachada.
Mas, ao se ler os seus manuais doutrinários, confirmados pelas palavras de seus
líderes, conclui-se que o seu objetivo maior é a conquista do poder, se
necessário com o uso da força. A revolução e o regime cubanos são os exemplos a
serem seguido por esse movimento.
A recente visita dos líderes dos “campesinos venezuelanos”,
ligados ao governo de Nicolas Maduro, bem identifica a postura ideológica das
duas organizações, com uma marcante diferença. Os "campesinos” possuem
armamentos e são considerados o braço armado do governo venezuelano. O MST, até
onde se sabe, não possui armamentos letais.
Em todos os governos da Nova República, as Forças Armadas,
particularmente o Exército, foram empregadas em missões de Garantia da Lei e da
Ordem (GLO). São missões que envolvem riscos significativos como as da força de
pacificação nas favelas cariocas e greves de policias militares. Elas se
caracterizam como uma medida adotada para se evitar um descrédito e aviltamento
dos órgãos governamentais, principalmente dos Estados. Ano a ano este emprego
vem crescendo, não só em números de ações, mas, também na sua vigência, caracterizando-se
como se diz no jargão militar, a “ultima ratio regis", expressão latina
que evoca o derradeiro argumento dos governantes.
Manifestações de movimentos sociais — tais como as de cunho
radical ocorridas em meados de 2013 e agora essa convocação do "exército
de Stedile” — são verdadeiros fomentos para um real embate de forças e não de
ideias. Iniciada por essa nova visão sectária do ex-presidente Lula, uma
confrontação em um ambiente conturbado e acéfalo pelo qual passa o Brasil, sem
dúvida, poderá nos conduzir a situações extremas. Novamente as Forças Armadas
serão chamadas a intervir e não poderão deixar de cumprir o que preconiza o
artigo 142 da Constituição Federal.
Os novos comandantes das Forças, que gozam de alto conceito
entre seus pares e subordinados, certamente, não se calarão como seus
antecessores que adotaram uma postura de silêncio obsequioso. Ela nos impingiu
a ignominiosa acusação a chefes militares, como Castelo Branco, Eduardo Gomes,
Maximiano e tantos outros, que tiveram suas vidas de integridade e honradez
enxovalhadas pela Comissão Nacional da Verdade. Não houve sequer uma nota de
repúdio desses antigos comandantes.
As Forças Armadas fazem parte da sociedade brasileira que
lhe concedeu o maior índice de credibilidade entre nossas instituições,
inclusive superior às religiosas. Elas não podem ser alijadas das grandes
decisões nacionais. As suas análises, estudos e pareceres deverão ser
obrigatoriamente ouvidos e considerados. Quem quer o seu silêncio são as
instituições comprometidas com ideologias retrógradas e objetivos nebulosos
como o Fórum de São Paulo. Esta participação não é um ato de indisciplina nem
de arroubos golpistas. É um ato democrático de quem preza sobremaneira a paz e
ordem.
Entretanto, vale um alerta. Riscos ao nosso sistema
democrático vigente, mesmo aqueles de caráter sub-reptício, vindos de partidos
políticos ou de quaisquer outras organizações, serão combatidos. Com base em
nossa experiência e sem sermos presunçosos, reafirmamos que nossas Forças
Armadas estarão à frente daqueles que enfrentarem as ameaças sem pronunciar
bravatas, como essa abominável "VAMOS À GUERRA"!
Fonte: A Verdade Sufocada
Nenhum comentário:
Postar um comentário