Por Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
Brasília - A presidente Dilma Rousseff respondeu com
irritação ao ser questionada sobre o manifesto assinado por 27 generais de
Exército com críticas à Comissão da Verdade e às declarações do ministro da
Defesa, Celso Amorim, de que as Forças Armadas aprovaram e praticaram atos que
violaram direitos humanos no período militar.
No manifesto, os generais, todos integrantes do mais alto
posto da Força, disseram que "do Exército de Caxias não virão
desculpas". Dilma reagiu declarando que "quem não quiser pedir
(desculpas), que não peça". Avisou, no entanto, que haverá um posicionamento
do Estado brasileiro porque esta foi uma lei aprovada pelo Congresso.
Apesar de afirmar que não ia comentar o episódio, a
presidente Dilma citou que "acredita piamente na democracia" e que
"leis no Estado democrático de direito têm de ser cumpridas". A
presidente citou ainda que, quando a Comissão Nacional da Verdade foi formada,
estavam presentes na solenidade todos os ex-presidentes da etapa democrática do
País. "Então, eu me permito não responder sua pergunta. Só dizer que nós
vivemos numa democracia e que leis serão sempre cumpridas", desabafou.
O governo quer evitar, a todo custo, polêmica sobre este
tema no meio das eleições presidenciais. Por isso, adiou para o final do ano a
conclusão do relatório final pela Comissão Nacional da Verdade. Só que,
enquanto isso, os integrantes da comissão estão tentando ouvir militares e
visitar quartéis e unidades onde consideram que teriam ocorrido práticas de
abuso de direitos humanos. A exigência da comissão de que um pedido de
desculpas teria de ser formalizado pelas Forças Armadas irritou os militares,
que repudiaram a ideia e emitiram o manifestado publicado pelo Estado.
(Colaborou Ricardo Della Coletta.)
Fonte: A Verdade Sufocada
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