quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Para reflexão

Por Marco Antonio Esteves Balbi

E se ao invés de pedir desculpas, tivéssemos que responder pelo descumprimento de uma norma legal?

Meu amigo General Paulo Chagas escreveu um escorreito texto sobre a jornalista Miriam Leitão e a adesão dela à campanha encetada pela direção da Comissão da (In)verdade no sentido de que as Forças Armadas peçam desculpas à nação pelos eventuais desvios cometidos por alguns dos seus membros durante a guerra interna 1968/1974 que o Brasil enfrentou.

O meu amigo é cavalariano e, como o cavalo passou encilhado, vou aproveitar e fazer uma digressão pertinente ao assunto.

Paulo Chagas, em um dos parágrafos, fala sobre o recrutamento de jovens que o PC do B realizava para a composição das Forças Guerrilheiras do Araguaia (FOGUERA). Chegou até a lograr algum êxito e muitos jovens das cidades, criados em áreas urbanas, que mal conheciam o campo, embrenharam-se na selva daquela região na expectativa de, um dia quem sabe, conseguir conduzir a revolução que levaria o país à ditadura do proletariado modelo russo, cubano, chinês ou albanês, ou uma combinação tupiniquim, quem sabe?

A reação das forças legais, aliada à absoluta falta de apoio da população local e associada à dificuldade de, pela localização geográfica, não contar com suporte do exterior, levou ao desmantelamento completo daquelas Forças.

Assim, passo a seguinte pergunta: caso as Forças Armadas não tivessem reprimido, por decisão do poder constituído em Brasília, a FOGUERA, e ela tivesse crescido a ponto de tornar-se, por exemplo, as nossas FARB, similar às FARC colombianas, e tivéssemos hoje uma área do território brasileiro, no sul do estado do Pará, norte do estado de Tocantins, onde o Estado brasileiro não pudesse exercer a sua autoridade, qual seria a reação da sociedade brasileira? Não cobrariam a negligência das Forças Armadas por não terem cumprido sua missão constitucional? Constituir-se-ia uma comissão da verdade para apurar quem foram os responsáveis, Presidente da República, Ministros Militares etc? Quanto custaria em termos de economia, política, psicossocial e mesmo militar ao povo brasileiro possuir uma área sem controle do poder central, incrustada bem no meio do seu território?

Finalizo esta pequena reflexão, lembrando que o PC do B continua aliciando jovens para o seu credo e que atuam, sob a forma legal e ostensiva, como União da Juventude Socialista (UJS), presente em todas as manifestações que ocorrem no Brasil. Prestem a atenção, pois são bastante atuantes e responsáveis, entre outros grupos, por muitos dos escrachos realizados em imóveis de pessoas que lutaram pela manutenção da democracia entre nós. Além disso costumam arguir sobre o paradeiro dos guerrilheiros que não retornaram da contenda, esquecendo-se de cobrar dos  próprios dirigentes, principais responsáveis por abandonarem os seus no campo de batalha. Afinal, era uma guerra!



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