Por Marco Antonio Esteves Balbi
E se ao invés de pedir desculpas, tivéssemos que responder
pelo descumprimento de uma norma legal?
Meu amigo General Paulo Chagas escreveu um escorreito texto
sobre a jornalista Miriam Leitão e a adesão dela à campanha encetada pela
direção da Comissão da (In)verdade no sentido de que as Forças Armadas peçam
desculpas à nação pelos eventuais desvios cometidos por alguns dos seus membros
durante a guerra interna 1968/1974 que o Brasil enfrentou.
O meu amigo é cavalariano e, como o cavalo passou encilhado,
vou aproveitar e fazer uma digressão pertinente ao assunto.
Paulo Chagas, em um dos parágrafos, fala sobre o
recrutamento de jovens que o PC do B realizava para a composição das Forças
Guerrilheiras do Araguaia (FOGUERA). Chegou até a lograr algum êxito e muitos
jovens das cidades, criados em áreas urbanas, que mal conheciam o campo,
embrenharam-se na selva daquela região na expectativa de, um dia quem sabe,
conseguir conduzir a revolução que levaria o país à ditadura do proletariado
modelo russo, cubano, chinês ou albanês, ou uma combinação tupiniquim, quem
sabe?
A reação das forças legais, aliada à absoluta falta de apoio
da população local e associada à dificuldade de, pela localização geográfica,
não contar com suporte do exterior, levou ao desmantelamento completo daquelas
Forças.
Assim, passo a seguinte pergunta: caso as Forças Armadas não
tivessem reprimido, por decisão do poder constituído em Brasília, a FOGUERA, e
ela tivesse crescido a ponto de tornar-se, por exemplo, as nossas FARB, similar
às FARC colombianas, e tivéssemos hoje uma área do território brasileiro, no
sul do estado do Pará, norte do estado de Tocantins, onde o Estado brasileiro
não pudesse exercer a sua autoridade, qual seria a reação da sociedade
brasileira? Não cobrariam a negligência das Forças Armadas por não terem
cumprido sua missão constitucional? Constituir-se-ia uma comissão da verdade
para apurar quem foram os responsáveis, Presidente da República, Ministros
Militares etc? Quanto custaria em termos de economia, política, psicossocial e
mesmo militar ao povo brasileiro possuir uma área sem controle do poder
central, incrustada bem no meio do seu território?
Finalizo esta pequena reflexão, lembrando que o PC do B
continua aliciando jovens para o seu credo e que atuam, sob a forma legal e
ostensiva, como União da Juventude Socialista (UJS), presente em todas as
manifestações que ocorrem no Brasil. Prestem a atenção, pois são bastante
atuantes e responsáveis, entre outros grupos, por muitos dos escrachos
realizados em imóveis de pessoas que lutaram pela manutenção da democracia
entre nós. Além disso costumam arguir sobre o paradeiro dos guerrilheiros que não
retornaram da contenda, esquecendo-se de cobrar dos próprios dirigentes, principais responsáveis
por abandonarem os seus no campo de batalha. Afinal, era uma guerra!
Fonte: A Verdade Sufocada
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