Por Daniel Pipes
À medida que as operações israelenses contra o Hamas estão
perdendo intensidade, apresento sete insights sobre o conflito que já dura um
mês:
A Cúpula de Ferro em ação, protegendo israelenses.
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Túneis: O uso de túneis atrás das linhas inimigas não é uma
tática nova, já teve sucesso, historicamente falando, como por exemplo na
Batalha de Messines em 1917, quando minas britânicas mataram 10.000 soldados
alemães. As Forças de Defesa de Israel (IDF) sabiam da existência dos túneis
antes do início das hostilidades em 8 de julho, mas não avaliaram quantos eram,
comprimento, profundidade, qualidade da construção e sofisticação eletrônica.
Jerusalém percebeu rapidamente, segundo o Times of Israel, que a mesma
supremacia de "Israel no ar, mar e terra não se dava no subsolo".
Assim sendo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) precisavam de mais tempo para
atingir o domínio subterrâneo.
Consenso em Israel: A incessante barbárie do Hamas criou um
raro consenso entre os judeus israelenses a favor da vitória. Essa quase
unanimidade reforça a posição do governo quanto à maneira de lidar com as
potências externas (o Primeiro Ministro Netanyahu alertou a administração dos
EUA a nunca mais censurá-lo) e, é provável que ele leve mais para direita a
política interna israelense, para o campo nacionalista.
Resposta do Oriente Médio: com exceção dos países que
patrocinam o Hamas (Turquia, Catar, Irã), os terroristas islamistas não tiveram
praticamente nenhum apoio governamental na região. Em um exemplo digno de nota,
o rei saudita Abdullah se pronunciou a respeito da matança de moradores de Gaza
pelo Hamas da seguinte maneira; "é vergonhoso e uma desgraça que esses
terroristas estão (mutilando os corpos de inocentes e orgulhosamente divulgando
suas ações) em nome da religião". Ele conhece muito bem seu inimigo
mortal.
Nos bons tempos: Ismail Haniyeh (esquerda) e Khaled Meshaal
(centro) do Hamas em Jidá com o rei saudita Abdullah em 2007.
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Aumento do antissemitismo: Especialmente na Europa, mas
também no Canadá e Austrália, o antissemitismo veio à tona, principalmente de
palestinos e islamistas, bem como de seus aliados da extrema esquerda. Essa
reação irá, provavelmente, aumentar a imigração de judeus para os dois refúgios
da vida judaica, Israel e os Estados Unidos. Em contrapartida, os muçulmanos do
Oriente Médio se mantiveram em silêncio, com exceção dos turcos e daqueles
árabes que vivem sob controle israelense.
Reações da elite versus reações populares: Não é todo dia que
o secretário geral das Nações Unidas e todos os 28 ministros da União Européia
ficam do lado de Israel contra o inimigo árabe, mas aconteceu. No Congresso dos
EUA, o Senado aprovou por unanimidade e a Câmara votou 395 a 8 em favor de um
adicional de US$ 225 milhões para o programa Cúpula de Ferro. Por outro lado,
entre o público em geral, o sentimento pró Israel caiu quase em toda parte,
(não nos Estados Unidos). Como explicar tal disparidade? Meu palpite: Os
líderes imaginam o que fariam se fossem deparados com foguetes e túneis
inimigos, ao passo que o público se foca em fotografias de bebês mortos em
Gaza.
Bebês mortos: O que nos leva para o mais complexo,
surpreendente e estranho aspecto de todo o conflito. Pelo fato das Forças de
Defesa de Israel (IDF) usufruirem de uma vantagem esmagadora sobre o Hamas no
campo de batalha, o confronto se assemelha mais a uma operação policial do que
a uma guerra. Consequentemente, os israelenses foram julgados principalmente
pela objetividade das declarações públicas de seus líderes, uso criterioso da
força e a forma de lidar com as evidências. Assim sendo, a atenção da mídia se
afastou continuamente da esfera militar para as questões de proporcionalidade,
moralidade e política. A maior arma estratégica do Hamas, em seu esforço de
prejudicar a reputação de Israel e marginalizar o pais, não foram nem os
foguetes nem os túneis e sim as lancinantes fotografias de civis mortos
supostamente pelas Forças de Defesa de Israel (IDF).
O que resulta na situação bizarra em que o Hamas procura a
destruição da propriedade palestina, obriga civis a sofrerem ferimentos e
mortes, infla o número de vítimas e até mesmo pode atacar intencionalmente seu
próprio território, enquanto as IDF sofrem fatalidades desnecessárias com o
objetivo de poupar os palestinos. O governo israelense vai ainda mais longe
fornecendo alimentos, assistência médica e envio de técnicos que se arriscam
para certificar-se de que os habitantes de Gaza continuem desfrutando de
energia elétrica gratuita.
Caminhões com alimentos, medicamentos e outros suprimentos
indo de Israel para Gaza pela passagem de Kerem Shalom, durante as
hostilidades.
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É uma guerra muito estranha essa, em que o Hamas comemora o
tormento palestino e Israel faz o possível para que a vida continue normalmente
para seu inimigo. Realmente estranha, mas esta é a natureza da guerra moderna,
onde artigos em jornais e revistas muitas vezes valem mais do que balas. Em termos Clausewitzianos ,
o centro de gravidade da guerra passou do campo de batalha para o das relações
públicas.
Levando tudo isso em conta, as forças da moral e da
civilização de Israel se saíram bem nesse confronto direto com a barbárie. Mas
não o suficiente para evitar, por um tempo considerável, outro ataque.
Tradução: Joseph Skilnik
Fonte: Mídia Sem Máscara
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O Sr. Pipes (DanielPipes.org) é o presidente do Middle East
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