Por Sérgio Tasso Vásquez de Aquino
No domingo, Dia dos Pais, tive ainda mais presente do que
nos dias comuns a lembrança do meu pai, o General-de-Divisão Tasso Villar de
Aquino, meu modelo e guia, exemplo de chefe de família, cristão, patriota,
Oficial e Chefe Militar.
Desde Tenente, no 8* Regimento de Cavalaria Independente, em
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, exibia sobejamente as qualidades que ornavam sua
bela personalidade e o faziam destacado e admirado entre seus pares: valor,
conhecimento e preparo profissionais, coragem física e moral, arrojo, bravura,
dedicação sem limites ao dever e ao cumprimento da Missão, espírito de renúncia
e de sacrifício, liderança e sadia preocupação com a formação e o bem-estar dos
homens e a melhor conservação, operacionalidade e aprestamento dos meios
colocados sob seu Comando e responsabilidade. Por isso, criou em torno de si,
da sua pessoa de Oficial e de Chefe de escol, ambiente de profundos respeito,
confiança e lealdade da parte dos seus soldados e demais subordinados, de todos
os níveis hierárquicos, que tiveram a ventura de servir sob suas ordens ao
longo da profícua carreira a serviço do Exército e do Brasil.
Esse exemplar magnífico de Homem, Patriota de amor sem fim
pelo Brasil e Cristão fiel aos ensinamentos do Evangelho, aos Mandamentos de
Deus e da Igreja, com quem o Senhor Todo-poderoso me concedeu a graça de
conviver por grande parte da vida, por mais de 66 anos, e de ser herdeiro
primogênito de sangue, plasmou completamente minha maneira de ser e balizou e
marcou meu modo de realizar a missão de pai de família, Oficial e Chefe, quando
me tocou a vez. Foi a imagem no espelho em que sempre me procurei refletir.
Ensinou-me a não ter medo de pessoa alguma, a não fugir de
dificuldades ou de situações desagradáveis, nem
evitar qualquer obstáculo, para bem cumprir meu dever. A buscar sempre
guardar a honra, o brio e o pundonor militares, a não sucumbir à tentação da
lisonja, do servilismo, da bajulação aos poderosos de plantão, apenas para
atingir imerecidos destaque,
notoriedade, posições confortáveis e recompensas materiais, tão fácil, mas tortuosamente
ao alcance de quem esconde o pensamento e trai ideais, valores, costumes,
tradições que são apanágio dos verdadeiros militares vocacionados, em troca de
vantagens e benefícios pessoais.
Procurando ser Chefe como me ensinou, e fiel a uma vocação
de toda a vida, sendo Vice-Almirante e Vice-Chefe do Estado-Maior das Forças
Armadas, denunciei os descaminhos que o Governo Federal havia começado a
trilhar, desde 1990 (e até agora), e lancei-me decididamente na luta pela
soberania do Brasil e pela dignidade dos militares, pela isonomia de remuneração
no Serviço Público, crescente e propositada e programadamente desfavorável aos
militares e aos servidores civis do Executivo, do Plano de Classificação de
Cargos.
Isso me acabou custando o afastamento do Serviço Ativo em
1993 e o encerramento prematuro da carreira, sem atingir o último posto.
Combati, porém, o bom combate, guardei a minha fé e pude ser fiel ao Brasil, ao
dever militar, às minhas crenças mais profundas, à herança paterna, aos sadios
ensinamentos recebidos no Colégio Militar do Rio de Janeiro e na Marinha do
Brasil, ao cumprimento da Missão e à obrigação que os Chefes têm para com seus
comandados.
Bem a propósito, ontem assisti, na televisão, ao filme
clássico sobre o motim no Encouraçado “Potionkim”, da Marinha Imperial Russa,
no porto de Odessa, em 1905. Foi o primeiro e remoto episódio da Revolução
Bolchevista de 1917, que implantou a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas na terra dos tzares e todo o elenco de crueldades, atraso, misérias
e crimes que infelicitaram o mais extenso país do mundo por mais de 70 anos,
ameaça que ainda hoje ronda tantas partes do mundo, também na América Latina,
Brasil inclusive, havendo cobrado o infamante preço de 80 milhões de vidas
sacrificadas na sua loucura. Tudo começou com a desatenção pelo fato de
alimentos estragados estarem sendo servidos à marujada...
Nosso amado Brasil vive, nos tempos correntes, os piores
momentos da sua História, com a séria e sempre presente ameaça de modificação
da ordem vigente e substituição por outra, de marcante influência esquerdista
radical e tendente à privação das liberdades públicas e individuais, à morte da
democracia.
Tudo corolário de nefasto processo iniciado em 1990 e
agravado à medida que os anos se vão passando, sempre sob os auspícios dos
sucessivos governos da República. As próximas eleições presidenciais de outubro
serão um marco decisivo e, não importa
qual for o resultado, é provável que enfrentemos duros e procelosos tempos no
futuro, seja pela continuidade reforçada e acelerada do atual deletério esquema
político-econômico-psicossocial imposto, se a situação for vencedora, seja pela
possível erupção desatada da violência por conta de grupos extremistas
inconformados, reforçados por milhares de agitadores importados do exterior, no
caso de a oposição sagrar-se vencedora.
A tudo, espera-se, e clama-se a Deus, que as Forças Armadas
nacionais acompanhem atentamente, para agir, quando e se necessário, no
cumprimento da sua destinação constitucional e dos sagrados compromissos
assumidos para com a independência, a soberania, a paz, a justiça, o direito, a
liberdade, a democracia, a ordem, o progresso, a integridade do patrimônio e a integração nacionais. E que, na frente
interna, os Comandos responsáveis jamais se descurem de garantir remuneração adequada e condições de
tratamento médico e de outras formas importantes, justas, de bem-estar e de
elevação do moral aos comandados.
A HORA É GRAVE, AS PREOCUPAÇÕES SÃO ENORMES E CRESCENTES,
MAS TEMOS DE SEMPRE TER ESPERANÇA, BASEADOS NO NOSSO VALOR E NA GRAÇA DE DEUS!
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Sergio Tasso Vásquez de Aquino é Vice Almirante reformado e membro da Academia Brasileira de Defesa, e do Instituto de Geografia e História
Militar do Brasil.
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