domingo, 31 de agosto de 2014

Devaneio

Por Paulo Roberto Gotaç
 
Atenção eleitores: Não se deixem enganar pelas performances midiáticas dos candidatos nos debates e entrevistas.

Só significam o quanto cada um sabe lidar com as câmeras e os microfones, resultado de seus talentos naturais de oratória ou de suas experiências anteriores com o ambiente de comunicação.

Não se iludam também em demasia com as propostas de cada um.

No nosso enlouquecido sistema de representação - aguardando por uma ansiada reforma política - onde a continuidade hereditária e o toma lá da cá é que imperam, elas têm poucas chances de serem implementadas pois invariavelmente esbarrarão em interesses opostos e intransponíveis, dificilmente harmonizados por maiores que sejam as qualidades de liderança dos candidatos.

Em vez disso apelem para uma espécie de misticismo: procurem aproveitar as passagens fugazes dos holofotes pelos olhos dos candidatos e aprendam a ler neles o quanto o desempenho das respectivas falas e apresentações representa o que lhes vai no íntimo de suas almas.

Embora não exista receita para tal, tentem descobrir se o olhar traduz um mero objetivo de escalada de poder a qualquer custo ou se exprimem uma sensibilidade honesta em relação à necessidade de crescimento, à enorme porcentagem da população que não tem acesso a saneamento básico, à triste marca de analfabetismo e às condições melancólicas das emergências públicas, entre outras angústias.

Não é fácil interpretar os olhares mas vale a pena tentar o exercício na certeza que só com essa força interior os vencedores terão chance de mudar os paradigmas da política brasileira e realizar algo de realmente edificante em benefício desse sofrido povo, iniciando um processo de saudável realimentação positiva que deverá durar gerações.

Devaneio utópico?

É provável, mas talvez funcione onde todos os métodos convencionais até agora decepcionaram.


Fonte: Alerta Total
  

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Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

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