Por Paulo Roberto Gotaç
Atenção eleitores: Não se deixem enganar pelas performances
midiáticas dos candidatos nos debates e entrevistas.
Só significam o quanto cada um sabe lidar com as câmeras e
os microfones, resultado de seus talentos naturais de oratória ou de suas
experiências anteriores com o ambiente de comunicação.
Não se iludam também em demasia com as propostas de cada um.
No nosso enlouquecido sistema de representação - aguardando
por uma ansiada reforma política - onde a continuidade hereditária e o toma lá
da cá é que imperam, elas têm poucas chances de serem implementadas pois invariavelmente
esbarrarão em interesses opostos e intransponíveis, dificilmente harmonizados
por maiores que sejam as qualidades de liderança dos candidatos.
Em vez disso apelem para uma espécie de misticismo: procurem
aproveitar as passagens fugazes dos holofotes pelos olhos dos candidatos e
aprendam a ler neles o quanto o desempenho das respectivas falas e
apresentações representa o que lhes vai no íntimo de suas almas.
Embora não exista receita para tal, tentem descobrir se o
olhar traduz um mero objetivo de escalada de poder a qualquer custo ou se
exprimem uma sensibilidade honesta em relação à necessidade de crescimento, à
enorme porcentagem da população que não tem acesso a saneamento básico, à
triste marca de analfabetismo e às condições melancólicas das emergências
públicas, entre outras angústias.
Não é fácil interpretar os olhares mas vale a pena tentar o
exercício na certeza que só com essa força interior os vencedores terão chance
de mudar os paradigmas da política brasileira e realizar algo de realmente
edificante em benefício desse sofrido povo, iniciando um processo de saudável
realimentação positiva que deverá durar gerações.
Devaneio utópico?
É provável, mas talvez funcione onde todos os métodos
convencionais até agora decepcionaram.
Fonte: Alerta Total
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Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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