Rodrigo Constantino – VEJA
Agora foi a vez de a Moody’s, agência de risco americana,
emitir um alerta sobre os riscos políticos na Petrobras:
A Petrobras representa o maior risco operacional entre as
petroleiras estatais da América Latina, além de alto risco financeiro
decorrente da política de represamento dos preços de combustíveis no País. A
avaliação é da agência de classificação Moody’s, que divulgou nesta manhã um
relatório em que analisa o cenário de crédito para as empresas nacionais de
petróleo da região. De acordo com a agência, as grandes estatais do setor
enfrentarão deterioração dos indicadores de crédito até 2016, em função dos
investimentos estimados em US$ 100 bilhões para cumprir suas estratégias de
crescimento.
No caso da Petrobras, a agência destaca que a estatal irá
enfrentar também “riscos políticos substanciais” pois está “cerceada pelas
políticas de preços para gasolina e óleo diesel”. A Moody’s ressalta ainda que
o cenário macroeconômico do País tem “desacelerado” desde a crise de 2009, e a
expectativa da agência é de crescimento de apenas 1,5% no PIB brasileiro.
“A menor atividade econômica levou o governo brasileiro a
depender mais pesadamente da Petrobras para controlar a política econômica em
relação à inflação. Os preços domésticos para a gasolina e diesel, que variaram
entre 10% a 20% abaixo do preço internacional (dependendo da taxa de câmbio), coloca
um obstáculo significativo na rentabilidade da Petrobras”, diz o relatório.
A Moody’s também criticou a ingerência do governo na estatal
brasileira, citando a sua presença no conselho de administração da companhia.
“O governo utiliza rotineiramente a empresa para ajudar a cumprir os seus
objetivos políticos como, por exemplo, a construção de refinarias em regiões
não econômicas para estimular o desenvolvimento, e o controle da inflação,
mantendo os preços da gasolina e do diesel abaixo valor de mercado”.
Tudo bastante óbvio para quem acompanha o dia a dia do
noticiário político no país ou as ações da estatal, que só caíam até as
pesquisas mostrarem melhora de Aécio Neves e queda de Dilma. Resta apenas
perguntar: será que o governo vai exigir um “pedido de desculpas” da Moody’s
também, e obrigá-la a se retratar e demitir os analistas responsáveis?
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