Barulho, poeira, vaivém de operários, tapumes e mais
tapumes. Esse foi o cenário encontrado pela Folha nesta segunda-feira (2), a
dez dias do início da Copa, em visita aos aeroportos das cidades-sede. Os casos
mais emblemáticos estão em Confins (MG) e em Manaus.
A Infraero reconhece que algumas das obras nesses dois
aeroportos, e no do Recife, só ficarão prontas depois do Mundial. Durante a Copa,
os trabalhos serão interrompidos para atenuar o desconforto aos passageiros.
"Ninguém acredita que vai dar tempo [de ficar pronto
para a Copa]", diz o motorista de van Waldrin Venâncio, 27, que
diariamente busca e leva passageiros a Confins. A chegada ao aeroporto é, por
si só, uma aventura. Do estacionamento coberto ao terminal, o passageiro anda
por calçadas empoeiradas e cercadas de obras. O trajeto, descoberto, vira um
lamaçal em dias de chuvas.
No terminal, os passageiros convivem com barulho, poeira,
andaimes, cheiro de cola, madeira e ferro no chão. A praça de alimentação
também não foi concluída. "Nem o David Copperfield nem o Mr. M resolvem
isso a tempo. Só Deus", diz Francisco Araújo, 52, técnico de refrigeração
que trabalha na reforma de uma lanchonete.
A situação é parecida com a de Manaus, onde o aeroporto
local, ampliado, segue em reformas de última hora. Quem chega se depara com
operários, andaimes e até uma máquina no saguão. A nova área de check-in, por
exemplo, funciona de maneira improvisada, cercada por tapumes. Passageiros
formam fila em meio a operários, poeira e barulho. Do lado de fora, o cenário é
pior. O aeroporto é cercado por canteiros das obras dos novos estacionamentos.
Em Porto Alegre, a obra do anexo ao terminal principal está
em estágio inicial e deve ser concluída só em 2016. Em Fortaleza, há vigas e
estruturas de concreto à mostra, e tapumes não conseguem esconder a reforma
inacabada (e hoje paralisada) do terminal de passageiros. Um terminal
provisório foi erguido para compensar esse atraso durante a Copa.
TAPUMES
Em Salvador, o aeroporto receberá os turistas com ao menos
200 metros de tapumes na área externa. As estruturas cercam pilastras do
terminal, cujas obras de recuperação foram paralisadas. Na praça de
alimentação, placas indicam acesso livre à web --que não funciona. Motoristas
clandestinos agem livremente no desembarque.
A parte interna do terminal baiano também continua em obras,
assim como nos aeroportos do Recife e de Curitiba. Na capital paranaense, há
plataformas de embarque e desembarque provisórias. Na capital pernambucana,
taxistas clandestinos atuam livremente, e a passarela que liga o aeroporto à
estação do metrô não está pronta. Na parte interna, além da poeira, uma placa
na entrada do elevador indica um guichê para pagamento de estacionamento que
não existe.
A Infraero informou que toda a sinalização de Confins será
refeita para o Mundial e que as obras da praça de alimentação estão a cargo dos
concessionários. A estatal atribui o atraso em Fortaleza a problemas com o
consórcio. O governo de Pernambuco diz que concluirá a passarela até sexta (6),
e a Prefeitura de Salvador afirma que há operações de combate a motoristas
clandestinos ao menos uma vez por semana.
O aeroporto de Brasília está com as obras prontas --uma ala,
porém, depende de homologação da Anac (agência de aviação civil). As obras em
Guarulhos foram encerradas, mas o recém-inaugurado terminal 3 opera com apenas
25% da capacidade, o que sobrecarrega as alas antigas. (Folha de São Paulo)
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