Lideranças peemedebistas fecharam questão em torno da
atuação na CPI da Petrobrás e o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), deve desistir de recorrer ao plenário do Supremo Tribunal Federal.
Na avaliação da cúpula do partido, o desgaste de questionar a decisão da
ministra Rosa Weber, que determinou a imediata instalação da comissão, foi
empurrada para "a conta" do partido. O próprio PT, da presidente
Dilma Rousseff, desistiu de apelar ao STF para tentar inviabilizar as
investigações.
Em Roma desde a semana passada, onde acompanhou ao lado do
vice-presidente Michel Temer a missa em ação de graças pela canonização do
padre José de Anchieta, Renan conversou por telefone com nomes de peso do
partido, insatisfeitos com sua iniciativa de recorrer, anunciada na
quinta-feira.
A provável mudança de rota na estratégia de Renan vai de
encontro ao que já havia sido acordado entre os correligionários, em uma
sequência de jantares nas últimas semanas. "Entrar com recurso no pleno
para quê?", questionou o líder peemedebista no Senado, Eunício Oliveira
(CE), um dos que ligou para o presidente do Senado para lhe dizer que "ele
havia se precipitado" ao distribuir a nota sobre o recurso.
Renan retorna hoje ao Brasil e amanhã, assim que reassumir
os trabalhos no Senado, vai reunir os membros da Mesa Diretora para falar sobre
a desistência do recurso. A reunião, contudo, visa evitar mais desgastes,
tirando do presidente do Senado a responsabilidade integral e deixando a
decisão para o colegiado.
Na avaliação de um líder peemedebista, embora Renan seja o
citado pela liminar do Supremo, por ser o presidente do Senado, o custo
político de questionar a instalação da CPI da Petrobrás seria compartilhado
pelo PMDB como um todo.
Na semana passada, após receber a notícia de que Rosa Weber
decidiu a favor da CPI para investigar exclusivamente as denúncias contra a
Petrobrás, como defendia a oposição, o Palácio do Planalto acionou os líderes
da base aliada. A orientação foi que o PT não recorreria. Pesquisas internas
mostram que a avaliação de Dilma já sofre desgaste por causa da CPI. O recurso
caberia a Renan, como presidente do Senado, numa tentativa de institucionalizar
a manobra.
Copa. Para tentar blindar a presidente, os governistas vão
dar prioridade à indicação de parlamentares fiéis ao Planalto. PT e PMDB têm
direito cada um a 4 das 13 vagas da CPI, enquanto o PSDB terá 2 nomes e o DEM,
1. Além disso, a aposta é que a proximidade da Copa do Mundo, que começa em 12
de junho, reduzirá os holofotes sobre a investigação no Congresso.
A oposição agora quer tentar instalar uma CPI mista,
incorporando deputados à investigação. "A CPMI tem um peso político novo.
Não podemos desprezar o apoio de 230 deputados", justificou o líder do
PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP).
Para tentar brecar a CPMI, mais ameaçadora ao governo, a
base vai argumentar que a decisão de Rosa Weber se ateve ao processo no Senado.
"O que foi decidido pelo Supremo foi a CPI do Senado. Não vamos aguardar o
STF receber uma ação de CPMI. Vamos tocar essa que já está apresentada",
disse o líder do PT, Humberto Costa (PE).
Tucanos e democratas vão destacar que a CPI
mista já cumpriu os critérios regimentais exigidos e que não há argumento
jurídico que impeça os deputados de participarem da investigação. A liderança
do DEM na Câmara cogita levar a questão mais uma vez ao Supremo, caso Renan,
que também é o presidente do Congresso, opte pela CPI restrita a 13
senadores.(Estadão)
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