“O que eu acho é que não houve mensalão”, disse o ex-presidente Lula na entrevista concedida à RTP, publicada neste domingo no site da emissora de televisão portuguesa. “Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte”, tratou de desdizer-se na frase seguinte. E mudou de ideia na continuação: “Eu só acho que essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade”.
A hipótese é tentadora para o país que presta. Se a história
fosse recontada como se deve, não ficaria sem castigo o chefe supremo do
esquema criminoso que produziu o maior escândalo político-policial desde o
Descobrimento. Mais: se a verdade prevalecesse, seria restaurada a decisão
original do Supremo Tribunal Federal, desfigurada pela nomeação de Teori
Zavaschi e Roberto Barroso. Ao tornar majoritária a bancada dos ministros da
defesa de culpados, a dupla ajudou a parir a obscenidade segundo a qual um bando de quadrilheiros é diferente de uma
quadrilha.
O camelô de empreiteira não parece preocupado com o destino
dos condenados, revelou o melhor dos piores momentos da conversa. Quando a
entrevistadora lembrou que estão na cadeia alguns velhos parceiros do
entrevistado, Lula admitiu a existência de “companheiros do PT presos”,
estacionou numa vírgula e despejou a ressalva abjeta: “Não se trata de gente da
minha confiança”.
Nem a turma da cela S13?, decerto perguntaria a
jornalista se tivesse mais intimidade com os casos de polícia hospedados na
Papuda. Portugueses e brasileiros então descobririam que Lula não sabe direito
quem é José Genoino, acha que Delúbio é nome de rio e conhece José Dirceu só de
vista.
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