Por ucho.info
Chave de cadeia – A Polícia
Federal suspeita que o “Milton”, que aparece em um diálogo entre o
vice-presidente da Câmara dos Deputados e coordenador da campanha de Gleisi
Hoffmann ao governo do Paraná, André Vargas (PT), e o doleiro Alberto Youssef,
seja Milton Vargas Ilário (à direita na foto). Ele é irmão do petista e vive
nos Estados Unidos, em Argyle, estado de New York. A suspeita é de que Vargas,
que costuma beneficiar familiares incluindo-os em negócios lucrativos que usam
suas conexões políticas nada republicanas, tenha enxertado o irmão Milton no
esquema de Youssef na condição de “consultor”.
O diálogo em que o
misterioso “Milton” aparece nos grampos da Polícia Federal é de 19 de setembro
de 2013. Na conversa, o vice-presidente da Câmara reclama com o doleiro por
causa da falta de pagamentos a “consultores”. Sabe por que não pagam o
Milton?’, questiona André Vargas. Youssef tenta tranquilizar o parceiro:
‘Calma, vai ser pago. Falei para você que iria cuidar disso.’ Mesmo assim, o
vice-presidente da Câmara mostra-se impaciente. ‘Consultores que trabalham com
ele há meses e não receberam’, diz Vargas. ‘Deixa que já vai receber’, garante
Youssef.
DNA da confusão
O envolvimento de
familiares de André Vargas em negócios nebulosos não é novidade. Em 2009, outro
irmão de Vargas, Loester Vargas Ilário, secretário municipal da prefeitura de
São José dos Pinhais, por indicação de André, esteve envolvido em fraude em um
esquema de recolhimento de lixo através da empresa Ecosystem.
As ligações entre Gleisi
Hoffmann e André Vargas também são antigas e já renderam desdobramentos na área
policial. No final da década de 90, André Vargas e o doleiro Alberto Youssef
acabaram como réus no escândalo de corrupção da AMA/Comurb, ocorrido em
Londrina. Então coordenador da campanha de Paulo Bernardo da Silva, marido de
Gleisi, que concorria a deputado federal pelo PT, Vargas foi acusado de receber
R$ 120 mil. O dinheiro, destinado à campanha de Bernardo, teria sido “lavado”
por Youssef através de uma empresa de “consultoria”.
Turbulência pela frente
Diferentemente de muitos
petistas que se envolveram em escândalos de corrupção e outros crimes, André
Vargas não é do tipo que suporta o achincalhe da opinião pública, como já
fizeram muitos dos seus companheiros de legenda, que se contentaram em sair de
cena, desde que devidamente recompensados.
Vargas é um histriônico
conhecido e não sabe manter o controle diante de situações de dificuldade. Se
for obrigado a entrar na fila do sacrifício, como forma de salvar o banditismo
político exercido por seu partido, possivelmente acabará contando o que sabe,
pois as investigações da Polícia Federal o deixam em situação de muita
dificuldade.
A situação de perigo que
ronda o PT cresce com a possibilidade de Alberto Youssef recorrer à delação
premiada como forma de minimizar sua pena, que nesse caso nem merece ser
classificada como eventual, uma vez que as evidências apontam na direção da
condenação.
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