Pré-candidato petista ao governo de São Paulo nas eleições
deste ano, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha é citado norminalmente no
inquérito da Polícia Federal que investiga a rede de lavagem de dinheiro
comandada pelo doleiro Alberto Youssef. Em um dos relatórios da Operação
Lava-Jato há ainda uma foto de Padilha ao lado de um homem que os
investigadores apontam como laranja de Alberto Youssef, no ato de assinatura de
um contrato que levou a investigação para dentro do Ministério da Saúde. A
imagem foi interceptada pelos agentes na caixa de e-mails de um dos
investigados. O contrato foi assinado por Padilha com a Labogen Química Fina e
Biotecnologia, uma empresa que, segundo a Polícia Federal, é tudo menos um
laboratório farmacêutico, e ainda assim foi contemplada com uma parceria em que
planejava receber 150 milhões de reais em vendas de remédios para o ministério.
Um grande – e suspeitissimo – negócio.
Pelo modelo de contratação adotado, o Ministério da Saúde
escolhe empresas privadas dispostas a fazer parceria com laboratórios públicos
para a produção de remédios. A Labogen, com sede em São Paulo, foi uma das
escolhidas no ano passado para fornecer citrato de sildenafila, medicamento com
o mesmo princípio ativo do famoso comprimido azul para disfunção erétil. O
ministério informou que as empresas interessadas em firmar parcerias passam por
um rigoroso processo de seleção e análise de capacidade técnica que envolve
vários órgãos públicos. No papel, segundo o ministério, a situação da Labogen
estava o.k.
No mundo real, a polícia concluiu que a Labogen não tem uma
planta industrial e passa longe de ser uma companhia de porte, compatível com
os valores milionários a ser recebidos do governo. Documentos juntados no
inquérito mostram que, na verdade, os remédios seriam fabricados por um outro
laboratório, de Goiás, ao qual a Labogen repassaria 40% do valor do contrato.
Sem produzir um único comprimido, a empresa do doleiro pretendia faturar 90
milhões de reais.
Os sócios da Labogen figuram como titulares de
remessas milionárias para contas no exterior, operações que os investigadores
dizem ser simuladas. A empresa tinha planos de ampliar a lista de remédios a
ser fornecidos ao governo. Diz a PF: “Pode-se estar diante, portanto, de mais
uma ferramenta para sangria dos cofres públicos”
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