Por Gen Ex José Carlos Leite Filho –
linsleite@supercabo.com.br
A Lei da Anistia é um
exemplo da nobreza que deve existir entre os contrários, como aqueles
brasileiros que se defrontaram nos idos de 1964. Vencedores e vencidos
acordaram, de forma ampla e irrestrita, com o esquecimento da luta armada em
benefício da pacificação nacional essencial ao crescimento e ao desenvolvimento
do país. A ninguém restou o direito de levantar o véu que passou a encobrir os
acontecimentos pretéritos.
Isso aconteceu em
função de que até mesmo em uma guerra entre nações merecem respeito os que se
enfrentaram e a história nos mostra que os grandes chefes militares não
permanecem inimigos a vida inteira. Há entre eles uma relação de admiração.
Lamentavelmente,
não é o que acontece no Brasil com a história mal contada pela esquerda,
detentora de um comprometedor respaldo governamental, que maliciosamente
despreza o contexto histórico e cria uma versão que denigre os militares e mais
serve a inconfessados propósitos ideológicos. Dentre outros malabarismos
históricos vê-se, diuturnamente, o falseamento da verdade na ânsia de
identificar eventuais deslizes de conduta de parte dos vencedores e de taxá-los
de desgraçados torturadores, em especial os do Exército. Exemplo típico de
desonestidade intelectual.
Manter o silêncio
nessa conjuntura mais pareceria covardia do que respeito ao preceito legal
citado. Como na guerra a melhor defesa é
o ataque e a mentira incessantemente repetida ganha foros de verdade, vai daí a
minha contribuição às comemorações do jubileu de ouro da Revolução de 1964,
cognominada A REDENTORA, revolvendo o passado disposto a enfrentar os vilões
detratores, mentirosos contumazes que têm a seu favor a força da mídia e do
sistema nacional de ensino, trazendo à luz o seu modo de agir e assim
desnudando a farsa hipocritamente por eles engendrada de “resgatar a memória e
restabelecer a verdade histórica”.
Para tanto cito
como exemplo a petulante confissão do covarde assassinato de um capitão do
exército norte-americano - Charles Rodney Chandler - em São Paulo, nos idos de
1968, feita por um dos seus autores, Pedro Lobo de Oliveira: “Chandler cruzou o portão e ganhou a
calçada, ainda em marcha atrás. Antes que a carrinha (sic) alcançasse a rua,
coloquei o Volks de tal modo que
bloqueava a passagem do veículo de Chandler pela sua parte traseira,
impedindo-o de continuar a marcha. Nesse instante um dos meus companheiros
saltou do Volks, revólver na mão, e disparou contra Chandler. Quando soaram os primeiros
disparos, Chandler deixou-se cair rapidamente para o lado esquerdo do banco.
Evidentemente estava ferido. Mas eu, que estava extremamente atento a todos os
seus movimentos, percebi que ele não tombara somente em conseqüência das
feridas. Foi um ato instintivo de defesa, porquanto se moveu com muita rapidez.
Quando o primeiro companheiro deixou de disparar, o outro se aproximou com a
metralhadora INA e desferiu-lhe uma rajada. Foram 14 tiros. A 15ª bala não
deflagrou e o mecanismo automático da metralhadora deixou de funcionar. Não
havia necessidade de continuar disparando. Chandler já estava morto...”
“...Quando recebeu a rajada de metralhadora emitiu uma
espécie de ronco, um estertor, e então demo-nos conta de que estava morto.
Nesse momento eu lançava à rua os impressos que esclareciam ao povo brasileiro
das nossas razões para eliminar Charles Chandler... Os folhetos concluíam com as seguintes
consignas: O dever de todo o
revolucionário é fazer a revolução! Criar dois, três, muitos Vietnames...” (
apud A Esquerda Armada no Brasil, de Antônio Caso- Moraes Editora-Ed.
1976-Lisboa/Portugal).
O capitão Chandler
foi herói na guerra com o Vietnã e veio ao Brasil fazer o Curso de Sociologia e
Política, na Fundação Álvares Penteado, em São Paulo. Em outubro de 1968, foi condenado à morte por um
“Tribunal Revolucionário” da subversiva Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
composto pelos dirigentes Pedro Lobo de Oliveira, Onofre Pinto, João Carlos
Kfouri Quartin de Morais e Ladislau Dowbor, porque ele “seria um agente da
CIA”. A sua morte aconteceu quando ele retirava seu carro da garagem para
seguir para a Faculdade, tendo sido presenciada por sua esposa e seus três
filhos.
Todos os criminosos
citados foram indenizados com vultosas quantias e são considerados “herois que lutavam pela democracia”. Era
essa a forma usada pelos criminosos da esquerda revolucionária para
desestabilizar o regime militar e tomar o poder, implantando uma ditadura do
proletariado( apud A Verdade Sufocada – 8ª edição).
Talvez o silêncio
imposto à caserna nas comemorações dos cinquenta anos da Redentora não
contribua, pela sua unilateralidade, à pacificação nacional, mas certamente
servirá para a sedimentação da mentira histórica em novas gerações e para uma
permanência maior no poder.
Fonte: A Verdade Sufocada
__________________________
Publicado em “O Jornal de Hoje”, de 19/03/14 – Natal/RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário