Por Silvio Grimaldo de Camargo
Em entrevista exibida pela Globo News em 2009, Luiz Felipe
Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, diagnosticava: “O que explica a
confusão da América Latina é o Foro de São Paulo”. E ele tinha razão!
O Foro de São Paulo é uma organização que reúne, de maneira
promíscua, partidos políticos legais, organizações terroristas e grupos
narcotraficantes.
Ele foi fundado em 1990 por Lula e Fidel Castro, que
prometiam reconquistar na América Latina o que se havia perdido no Leste
Europeu.
Seu objetivo era traçar estratégias comuns e lançar “novos
esforços de intercâmbio e de unidade de ação como alicerces de uma América
Latina livre, justa e soberana”.
A unidade estratégica dessas organizações visava tomar o
poder em todo o continente, criando uma frente de governos socialistas em
oposição aos Estados Unidos.
Hoje, duas décadas depois, o Foro de São Paulo governa 16
países, nos quais aplica a mesma agenda de aparelhamento do Estado, de
limitação das liberdades civis, de relaxamento no combate ao narcotráfico, de
perseguição à oposição e à imprensa livre.
O “Plan de Acción” aprovado e publicado nas atas do seu 19.º
Encontro, ocorrido em São Paulo no começo deste mês, confirma e reforça o pacto
estratégico e o compromisso solidário estabelecidos 23 anos atrás.
Os efeitos práticos dessa solidariedade política ficam
claros quando observamos a submissão do governo petista às diretrizes do Foro,
em detrimento dos interesses nacionais, como ilustram alguns casos da nossa
política recente.
Em 2005, o representante das Farc no Brasil, Olivério
Medina, foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal e a Interpol.
Medina era procurado na Colômbia por diversos crimes – homicídio, sequestro e
contrabando de armas – e o governo colombiano pediu sua extradição.
O presidente Lula não apenas lhe negou o pedido como
concedeu ao terrorista o status de refugiado político. Logo depois, a esposa de
Medina, Angela Maria Slongo, foi ocupar um cargo de confiança no Ministério da
Pesca, a pedido de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
Em maio de 2006, Evo Morales estatizou duas refinarias da
Petrobras na Bolívia, depois de ocupadas e tomadas pelo exército boliviano. O
governo brasileiro respondeu com um afago e, dois anos depois, Lula anunciava
um empréstimo de US$ 332 milhões a Morales, para a construção de uma rodovia.
Em 2011, Dilma Rousseff anunciou mudanças no Tratado de
Itaipu, atendendo a um pedido de Fernando Lugo, presidente do Paraguai e membro
do Foro de São Paulo.
A senadora Gleisi Hoffmann, do PT, foi a relatora da matéria
no Senado e defendeu a aprovação das alterações, que fizeram triplicar a taxa
anual paga pelo Brasil ao Paraguai pela energia não usada da Usina de Itaipu,
saltando de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões.
A decisão do governo federal de trazer médicos cubanos ao
Brasil é apenas uma manobra do Foro de São Paulo para financiar a indústria de
“missões humanitárias” de Havana.
Segundo dados levantados pela jornalista Graça Salgueiro,
mais de 20 países recebem serviços médicos de Cuba. Os países-clientes pagam
pelo serviço ao governo cubano, que repassa apenas uma pequena parte do
dinheiro aos médicos.
Raúl Castro arrecada nada menos que US$ 6 bilhões anuais com
o envio de médicos ao exterior. Calcula-se que o Brasil enviará centenas de
milhões de dólares aos cofres cubanos com a importação dos médicos. O dinheiro
que poderia ser investido no sistema público de saúde brasileiro vai financiar
uma ditadura comunista.
Quando o filósofo Olavo de Carvalho começou a denunciar o
Foro de São Paulo, políticos, empresários e jornalistas preferiram ignorá-lo,
acreditando que o bicho era manso. Mas o bicho era bravo e agora cresceu
formidavelmente; já não sabemos se ainda é possível derrotá-lo.
Publicado no jornal "Gazeta do Povo".
Fonte: A VerdadeSufocada
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Silvio Grimaldo de Camargo é sociólogo e editor.
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