Em reunião ocorrida em Brasília na manhã desta terça-feira
dirigentes do PT avisaram o deputado licenciado André Vargas (PT-PR) que, se
ele não renunciar ao mandato, será expulso do partido. Vargas resistiu e
desafiou a cúpula petista. "Não renuncio. Agora vou até o fim e vou fazer
o meu sucessor na vice-presidência da Câmara", afirmou, numa referência ao
deputado Luiz Sérgio (RJ).
O presidente do PT, Rui Falcão, disse a Vargas que as
denúncias de irregularidades envolvendo o nome dele desgastam ainda mais a
imagem do partido, já abalada com o escândalo do mensalão. "Você já
deveria ter renunciado para evitar tudo isso", afirmou Falcão, em tom
duro.
A reunião, na sede do PT, foi marcada pela tensão. A portas
fechadas, o presidente do PT pediu a Vargas que abra mão do mandato para não
prejudicar o partido e as campanhas eleitorais de Alexandre Padilha ao governo
de São Paulo; de Gleisi Hoffmann à sucessão no Paraná e da própria presidente
Dilma Rousseff, candidata à reeleição.
Diante da resistência de Vargas - que levou para a reunião
os deputados José Mentor (SP) e Luiz Sérgio (RJ) -, dirigentes petistas
deixaram claro não haver dúvida sobre sua expulsão do PT, uma vez que o caso já
está com a Comissão de Ética da legenda. Vargas também é alvo de processo no
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que investiga suas ligações
com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato, da Polícia
Federal, por suspeitas de lavagem de dinheiro e outros crimes.
"Nós sabemos que você não vai conseguir sustentar sua
versão dos fatos no Conselho de Ética e no plenário da Câmara", disse
Falcão a Vargas. "Ele tem o direito de se defender e nós vamos ajudá-lo",
rebateu Mentor. Nos bastidores do partido e do governo, Luiz Sérgio, Mentor e o
deputado Cândido Vaccarezza (SP) são chamados de "tropa de choque" de
Vargas.
Protelação
A pedido do deputado licenciado, o petista José Geraldo (PA)
apresentou, na tarde desta terça, pedido de vista no processo disciplinar
contra o ex-vice-presidente da Câmara. Com a manobra, ele conseguiu ganhar
tempo e adiar a análise do caso para o dia 29.
Pressionado pelo PT e por ministros, Vargas só renunciou até
agora à vice-presidência da Câmara. Integrante da corrente "Construindo um
Novo Brasil", majoritária no partido, ele está disposto a fazer de Luiz
Sérgio o seu sucessor, desafiando o grupo de Rui Falcão, que prefere no cargo o
deputado José Guimarães (PT-CE). (Estadão)
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