É insustentável a manutenção no cargo do Ministro da Casa Civil. Jaques
Wagner, homem de confiança de Lula que vinha tirando onda de porta-voz do
desgoverno, cometendo sincericídios contra Dilma Rousseff, tem grandes chances
de entrar, oficialmente, na nada ilustre lista negra de investigados pela Lava
Jato. Assim, quem está escalado para apagar o incêndio do impeachment da Dilma
é quem pode terminar politicamente incinerado.
A bronca que agora estourou contra Wagner é apenas o prenúncio do que
deve explodir, finalmente, contra José Sérgio Gabrielli - ex-presidente da
Petrobras e ex-Secretário de Planejamento do governo da Bahia, na gestão
wagneriana. Qualquer bebum de botequim pé-sujo sabe que, se Gabrielli for
duramente atingido, quem dança é Lula. Além disso, como Dilma era a
"Presidente" do Conselho de Administração da Petrobras, na gestão
Gabrielli, o bicho também pode pegar para ela.
Os baianos só querem que Jaques Wagner explique, direitinho, como
conseguiu o dinheiro (R$ 500 mil) para integralizar a compra de um apartamento
no edifício Victory Tower, no Corredor da Vitória, área ultra-nobre da capital
baiana. Wagner alegou que pagou R$ 1 milhão 450 mil pelo apartamentão, depois
de vender, por R$ 900 mil, um outro imóvel da família a um então assessor,
Antônio Celso, além de pegar meio milhão emprestado com seu irmão. São estes
quinhentos paus que entram agora na berlinda.
A Dilma sem-noção e popularidade terá muita dificuldade para sustentar
a subjetiva opinião de que não vê gravidade nas denúncias contra Wagner. O
Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, também acabará forçado pela
realidade a reconhecer que Wagner tem de ser investigado, mesmo ocupando um dos
cargos mais poderosos do Palácio do Planalto, pela proximidade com a
Presidenta. Mais uma vez, vai ficar complicado pegar apenas no pé de Eduardo
Cunha - evitando mexer com outros poderosos.
O delator premiado Nestor Cerveró é a testemunha ocular para detonar
Wagner. Foi o ex-diretor Industrial da Petrobras, condenado na Lava Jato, quem
revelou que José Sérgio Gabrielli teria desviado dinheiro da Petrobras para a
campanha de Wagner ao governo da Bahia, em 2006. A única ressalva é que Cerveró
alegou que não poderia provas a denúncia, pois teria ouvido a bombástica
revelação de duas pessoas ligadas a Gabrielli: a ouvidora geral da Petrobras,
Maria Augusta, falecida em 2006, e Armando Tripodi, dirigente do Sindicato dos
Petroleiros da Bahia.
Quem tem efetivo potencial para ferrar Jaques Wagner é o ex-presidente
da construtora OAS, José Aldemário Pinheiro Filho. Mais conhecido como Léo
Pinheiro, ele já está condenado a 16 anos e quatro meses de reclusão por
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e curtindo a gelada
cadeia em Curitiba. O dirigente da empreiteira do blindadíssimo Cesar Mata
Pires (famoso ex-genro do falecido ACM) acabou condenado pelo teor de
documentos e troca de mensagens com dirigentes da OAS, sempre se referindo a
negócios com políticos de ponta.
Foi Léo Pinheiro quem se referiu ao ex-presidente Lula pelo apelido de
“Brahma”. Foi com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que tratou de doações eleitorais. O mesmo assunto discutiu com
Edinho Silva, quando o hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social da
Dilma era tesoureiro da campanha presidencial dela. Léo Pinheiro complica
Jaques Wagner por ter pedido a ele a intervenção do então governador da Bahia
para a liberação de uma verba retida pelo Ministério dos Transportes. Entre
2008 e 2014, o Grupo OAS desembolsou R$ 197 milhões em campanhas eleitorais.
Agora, a situação se complica. A OAS, endividada até a medula, está em
recuperação judicial. E, depois das recentes denúncias, é Wagner quem vai
precisar operar o milagre de recuperar a credibilidade para permanecer na Casa
Civil da Presidência da República - que mais parece um cargo maldito para a
petelândia. Por lá passaram: José Dirceu, Antônio Palocci, Erenice Guerra,
Gleise Hoffmann, Aloísio Mercadante e a própria Dilma. Será coincidência que
tantos responsáveis pelo meio-campo do desgoverno estejam condenados ou
investigados judicialmente - até agora com a exceção da Dilma?
Testemunha ocular
É dando que Wagner recebe
Pronto pra inclusão
Só toma no Cunha?
Diga quem é...
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