Por José Carlos Sepúlveda da Fonseca
Quem acompanha regularmente o noticiário percebe que, à
medida que avança a Operação Lava Jato, o desconcerto e o desespero tomam conta
das hostes petistas, governamentais e adjuntas.
Os protestos contras as alegadas "arbitrariedades"
de Sérgio Moro se avolumam e chegam ao patético, ao atribuírem ao juiz a
violação dos "direitos humanos" e de fazer o País viver um regime
fascista e ditatorial!
Delação de Ricardo Pessoa
A delação de Ricardo Pessoa, com suas revelações de dinheiro
sujo na campanha da presidente Dilma, na campanha de Lula, no caixa do PT e de
importantes ministros (para ficar só nisso), acendeu muitos sinais de alarme.
Sob o comando de Lula (sempre ele, o homem que manda em tudo
e nunca sabe de nada) começou a campanha organizada do PT e de aliados contra
as "arbitrariedades" na Lava Jato. Ainda segundo a imprensa, Dilma
Rousseff "declarou guerra" ao empreiteiro Ricardo Pessoa; com uma
frase, típica de organizações mafiosas, a presidente disse não respeitar
"delatores". E o PT cobra o Ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, pelo "descontrole" da PF.
Fernando Pimentel, o petista governador de Minas Gerais,
também enroscado em graves denúncias, cujas capilaridades tocam o imenso
esquema corrupto montado pelos governos petistas nas instituições do Estado,
reclama do "uso abusivo de instrumentos de investigação".
Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, preso em Curitiba,
desabafa que o País vive um "regime de exceção". E o jurista Celso
Bandeira de Mello, amigo de Lula, próximo ao PT - e que considera José Dirceu o
maior homem público do Brasil - investe contra o juiz Moro, acusando-o de
sujeitar os presos a tortura psicológica e de usar a delação de "forma
equívoca".
Razões escusas
Afinal, qual o motivo de tanto horror e tanta fúria com a
Operação Lava Jato e, sobretudo, com as delações premiadas? Estarão estes
defensores da "legalidade" realmente preocupados com os detidos? Não
se entende porque investem contra as delações premiadas, que só beneficiam, em
termos penais, quem as faz. O que parece motivar esta orquestração?
Segundo estudiosos do instituto da "delação
premiada", esta é a única forma de quebrar a solidariedade que costuma
reger uma organização criminosa, a famosa omertà, ou pacto de silêncio, entre
mafiosos. Tal omertà, que implica nunca colaborar com as autoridades, é o
mecanismo que protege os cabecilhas da organização criminosa. Na eventualidade
de uma investigação que prospere, tal omertà permite que só sejam entregues ao
rigor da lei figuras subalternas, as quais esperam, mais cedo ou mais tarde,
ser beneficiadas por algum favor corrupto, obtido por seus "capos".
Lembram-se das promessas feitas a Marcos Valério de "melar" o
julgamento do Mensalão?
A "delação premiada", ao romper a cumplicidade e
solidariedade reinante na organização criminosa, com consideráveis vantagens
penais para os delatores, acaba por incentivar a quebra do "pacto de
silêncio" e ajuda a expor os verdadeiros cabecilhas da organização, bem
como suas entranhas e mecanismos de funcionamento.
É por este motivo, a meu ver, que a gritaria só aumenta, na
proporção da importância das "delações premiadas".
Fonte: Mídia Sem Máscara
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