Por Diário do Poder
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou nesta
segunda-feira, 9, que o panelaço realizado durante o pronunciamento da
presidente Dilma Rousseff, na noite desse domingo, ocorreu em cidades e em
bairros onde a petista perdeu as eleições “por uma grande diferença”. Em defesa
da presidente, Mercadante disse que manifestação é "um direito da
população", mas ponderou que não há “terceiro turno” eleitoral e pediu
para não haver "intolerância".
“A primeira regra do sistema democrático é reconhecer o resultado
das urnas. Só tem dois turnos, não tem terceiro turno. Nós vencemos pela quarta
vez (as eleições)”, declarou Mercadante.
Durante discurso de Dilma em cadeia nacional de rádio e
televisão em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, foram registradas
manifestações contra o governo em ao menos sete capitais. Em São Paulo,
xingamentos, panelaços e buzinaços foram registrados em bairros como
Higienópolis, Perdizes, Aclimação, Ipiranga, Lapa, Moema, Vila Marina, Mooca e
Santana. Nas eleições de 2014, a petista teve menos votos do que o então
candidato Aécio Neves (PSDB-MG) em São Paulo e em Belo Horizonte. A dimensão do
ato pegou o Palácio do Planalto de surpresa. A presidente aproveitou o
pronunciamento para defender o ajuste fiscal em curso.
Depois de participar de uma reunião nesta manhã com o núcleo
político do governo, Mercadante foi escalado para comentar os protestos e
defender Dilma. Ele argumentou que Dilma sempre usa a cadeia de rádio e
televisão para o dia da mulher e destacou que toda manifestação pacífica “é um
direito da população”, mas pediu que não haja “intolerância” ou “radicalismo”.
Ele demonstrou ainda “preocupação” com o momento pelo qual o País atravessa:
recém-saído de uma eleição “bastante polarizada”, com momento de “radicalização”.
“Precisamos construir uma cultura de tolerância, de diálogo
e respeito. Uma agenda de convergência é fundamental para o País poder superar
dificuldades conjunturais o mais rápido possível, garantir a estabilidade
(econômica) e a retomada do crescimento”, afirmou.
Ainda no início da madrugada, dirigentes do PT avaliaram o
panelaço como uma "orquestração com viés golpista". A exemplo de
Mercadante, o partido afirmou que a reação ao discurso da presidente foi
restrito a setores da "burguesia e da classe média alta". “Mas foi um
movimento restrito que não se ampliou como queriam seus organizadores”, disse o
secretário nacional de Comunicação do PT, José Américo Dias. (AE)
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