Por Luis Dufaur
Consumismo acabaria desertificando o mundo?
Pânicos verdes servem para difundir ideologia neocomunista.
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Caro leitor, amarre o cinto e segure-se na cadeira. Estamos,
você e eu, prestes a decolar da realidade. Contra toda evidência, vamos afundar
na galáxia da demagogia ambientalista.
Eu sei que toda semana venho lhe propondo viagens ao
estranho mundo comuno-verde. Mas, desta vez, vamos ingressar num meio-ambiente
deveras irreal.
A ONG Global Footprint Network – GFN anunciou que no dia 19
de agosto a humanidade acabou de consumir a totalidade dos recursos naturais
que o planeta é capaz de produzir por ano.
Mas não é apenas o consumo da produção agropecuária, é a
água doce, o peixe, a capacidade de o ecossistema planetário absorver o lixo,
as emissões de CO2...
Não é a novela de Kafka dos dois homens que numa terra
tornada um imenso Saara aguardam que a última máquina recicle os últimos restos
para produzir o último enlatado e devorar o último dos dois.
Não. Tampouco é um anjo do Apocalipse tocando a trompete. A
Global Footprint Network é um tanque de pensamento com sede na América do
Norte, Europa e Ásia.
A data fatídica tem um nome: “Global Overshoot Day”, ou o
“Dia da ultrapassagem”.
Martin Halle, analista político dessa ONG, falou ao jornal
de Paris “Le Figaro” sobre o método empregado para calcular essa data fatídica.
Logo del "Dia de la ultrapassagem"
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É um método de virar a cabeça e tirar a sensatez de quem
ainda a tem. Basta olhar para a realidade a fim de perceber que se trata do
raciocínio de um hiper-técnico há muito tempo fechado dentro de um quarto.
Como é de praxe, o catastrofismo do GFN adiantou novamente o
“dia da ultrapassagem” como se o mundo estivesse se devorando cada vez mais a
si próprio antes do ano acabar. Em 2000, a famosa ultrapassagem aconteceu em
outubro, e agora em 19 de agosto.
Como um homem que tivesse começado a se autodevorar a partir
do pé, a humanidade hoje estaria canibalizando um derradeiro resto de suas
pernas.
O disparate é demais, mas tem suas arapucas para pôr no
ridículo quem não está advertido sobre as artimanhas do ambientalismo.
O velado fundo de luta de classes planetária fornece um dos
artifícios verbais: os ricos estão consumindo o que pertence aos despossuídos,
às gerações futuras, à Mãe Terra. Por isso, nós, os culpados, não notamos o que
aconteceu.
Nós, os incriminados, agindo assim, atacaríamos as reservas
de recursos planetários. Seríamos os culpados, em última análise, pelo
desmatamento, pelo definhamento dos cardumes do mar e pela superprodução do
agronegócio na base de agroquímicos.
Neoreligião comuno-panteísta
por trás de uma demagogia anticapitalista e anticonsumista.
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Também os responsáveis pela morte de fome dos pobres em
locais sem recursos como Sahel. E o drama vai sempre para pior.
Segundo o analista político daquela ONG, o culpado já está
escolhido, julgado e condenado: nosso modo de vida, nossos estilos de consumir.
Por exemplo, comer feijoada às quartas-feiras com a família ou os amigos.
Trata-se, explica ele, de um regime alimentar que devora
grande quantidade de carne – aqui eu me confesso digno da câmara de gás, devido
à minha simpatia pelo churrasco –, cuja marca ecológica é pior que a culinária
vegetariana.
Na lógica desse argumento, reproduzido no nosso blog, várias
apologias da alimentação com insetos repugnantes.
Mas há outros culpados por esse magnicídio contra o planeta.
Em primeiro lugar, os transportes, porque produzem CO2. E não é só ojeriza da
prefeitura petista de São Paulo contra os carros particulares.
É contra todos os transportes a motor. Caminha-se, assim,
para passar a carregar tudo nas costas, como na China de Mão Tsé Tung ou em
assentamentos de reforma agrária!
A inquisição verde não se detém aí. Também as moradias dos
cidadãos são culpadas. Nossos sábios inquisidores acham que há excesso de metro
quadrado per capita. A solução é apertar todo mundo em casinhas ou
apartamentozinhos cada vez menores, como estimula o Plano Diretor!
Mas, nessa lógica increpatória, há pior: as infraestruturas
das cidades construídas com liberdade pela iniciativa particular. Fim!
Tudo deve ser rijamente planejado para restringir o consumo
de energia e salvar o planeta. Mais uma vez, morar numa latinha de sardinha,
como o Plano Diretor petista favorece.
Uma visita ao Mercado Municipal de SP, por exemplo,
ajuda a conservar o bom senso e consumir bem
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Para a ONG, se não cairmos num comunismo utópico verde, a
dívida contraída pelo sistema atual será impagável e, mais cedo ou mais tarde,
o planeta entrará em agonia.
Interrogado por “Le Figaro” sobre a data do velório do
planeta, Martin Halle reconheceu que não dá para predizer. Tudo dependerá do
bicho-papão da “mudança climática”, no qual cada vez menos cientistas
acreditam.
Mas, para Halle, há razões para o otimismo: por exemplo, as
leis alemãs em favor das energias renováveis. Pena que não tenham apresentado
resultados dignos à altura das expectativas.
Fim da viagem à irrealidade: a ideologia ambientalista
radical não para de elucubrar espantalhos com ares científicos que depois as
esquerdas exploram para instalar um neocomunismo não menos radical.
Quero um tutu com feijão, um bobó de camarão, comida baiana,
paulista, mineira, carioca, francesa e alemã, pelo menos enquanto não chega o
caminhão da SS verde e me leva para reciclar numa Auschwitz
"sustentável".
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