segunda-feira, 2 de junho de 2014

Ministro da Justiça abusa da dualidade ao criticar eventual união do Black Bloc com o PCC


jose_eduardo_29Dois pesos – Ministro da Justiça, cargo que alcançou como recompensa por ter integrado o núcleo duro da campanha de Dilma Rousseff, em 2010, o petista José Eduardo Martins Cardozo tem mostrado aos brasileiros a sua incapacidade para estar à frente de tão importante pasta. A questão não é apenas de conhecimento jurídico, pois há no Brasil brilhantes conhecedores do Direito que poderiam estar no Ministério da Justiça, mas, sim, de falta de coerência diante de determinados.

É verdade que exigir coerência no mundo político é tarefa das mais hercúleas, mas em alguns casos é impossível se posicionar de forma dúbia e dual diante de determinados fatos. Incumbido pela companheira Dilma de evitar manifestações violentas durante a Copa do Mundo, Cardozo condenou a mais recente declaração dos Black Blocs, que esperam contar com o apoio da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, para turbinar os protestos durante o mundial. O grupo de baderneiros, que se auto-intitulam anarquistas, garantem que não haverá Copa no País.

O ministro da Justiça tem razão ao classificar como inaceitável o suposto elo entre o grupo Black Bloc e o PCC, até porque não se pode banalizar a ação de criminosos, tratando o assunto como se fosse normal. O País vive debaixo de um conjunto legal que deve ser respeitado sem questionamentos. O Estado, como um todo, tem o dever de manter a ordem e preservar os patrimônios público e privado, inclusive fazendo uso da força se necessário for.

Cardozo foi coerente ao afirmar, em entrevista concedida ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que é “inadmissível que pessoas queiram se associar ao crime para fazer reivindicações”. Frase bonita e de efeito, mas que deveria ter a mesma valia para qualquer cidadão. Isso porque reza a Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.

Considerando que o artigo 5º da Carta Magna (caput) não faz distinção entre os cidadãos, o ministro da Justiça deveria ter reagido da mesma maneira por ocasião da notícia de que o “companheiro” Luiz Moura, deputado estadual pelo PT paulista, reuniu-se com integrantes do PCC em uma cooperativa de transportes da cidade de São Paulo. Moura negou qualquer ligação com os criminosos que participaram da tal reunião, mas não é novidade a ligação de membros do partido com a facção criminosa. A situação torna-se mais grave porque Luiz Moura é diretor da Transcooper, a cooperativa de transporte em cuja sede ocorreu o encontro com os criminosos.

Como se fosse pouco, o irmão de Luiz Moura, o vereador Senival Moura, também do PT, é acusado de usar “laranjas” para registrar ônibus que operam para a Transcooper. Além disso, Luiz Moura é ligado ao secretário municipal de Transportes de São Paulo, o petista Jilmar Tatto, que em passado recente foi acusado de beneficiar perueiros ligados ao PCC. Moura, o deputado estadual, que enriqueceu de forma meteórica em apenas cinco anos, recebeu cm pompa e circunstância o ex-ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes.


O PT decidiu afastar Luiz Moura por sessenta dias, tempo suficiente para que o assunto caia no esquecimento no embalo da Copa do Mundo, período em que o parlamentar poderá se desligar do partido. Do contrário, garantem os “companheiros”, será alvo de um processo de expulsão. Apesar de toda essa encenação moralista e repentina, o ministro José Eduardo Cardozo não fez qualquer comentário a respeito do caso, que em qualquer parte do mundo já teria levado Moura de volta para a cadeia.

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