Por ucho.info
Dois pesos – Ministro da Justiça, cargo que alcançou como
recompensa por ter integrado o núcleo duro da campanha de Dilma Rousseff, em
2010, o petista José Eduardo Martins Cardozo tem mostrado aos brasileiros a sua
incapacidade para estar à frente de tão importante pasta. A questão não é
apenas de conhecimento jurídico, pois há no Brasil brilhantes conhecedores do
Direito que poderiam estar no Ministério da Justiça, mas, sim, de falta de
coerência diante de determinados.
É verdade que exigir coerência no mundo político é tarefa
das mais hercúleas, mas em alguns casos é impossível se posicionar de forma
dúbia e dual diante de determinados fatos. Incumbido pela companheira Dilma de
evitar manifestações violentas durante a Copa do Mundo, Cardozo condenou a mais
recente declaração dos Black Blocs, que esperam contar com o apoio da facção
criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, para turbinar os protestos
durante o mundial. O grupo de baderneiros, que se auto-intitulam anarquistas,
garantem que não haverá Copa no País.
O ministro da Justiça tem razão ao classificar como
inaceitável o suposto elo entre o grupo Black Bloc e o PCC, até porque não se
pode banalizar a ação de criminosos, tratando o assunto como se fosse normal. O
País vive debaixo de um conjunto legal que deve ser respeitado sem
questionamentos. O Estado, como um todo, tem o dever de manter a ordem e
preservar os patrimônios público e privado, inclusive fazendo uso da força se
necessário for.
Cardozo foi coerente ao afirmar, em entrevista concedida ao
jornal “O Estado de S. Paulo”, que é “inadmissível que pessoas queiram se
associar ao crime para fazer reivindicações”. Frase bonita e de efeito, mas que
deveria ter a mesma valia para qualquer cidadão. Isso porque reza a
Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza”.
Considerando que o artigo 5º da Carta Magna (caput) não faz
distinção entre os cidadãos, o ministro da Justiça deveria ter reagido da mesma
maneira por ocasião da notícia de que o “companheiro” Luiz Moura, deputado
estadual pelo PT paulista, reuniu-se com integrantes do PCC em uma cooperativa
de transportes da cidade de São Paulo. Moura negou qualquer ligação com os
criminosos que participaram da tal reunião, mas não é novidade a ligação de
membros do partido com a facção criminosa. A situação torna-se mais grave
porque Luiz Moura é diretor da Transcooper, a cooperativa de transporte em cuja
sede ocorreu o encontro com os criminosos.
Como se fosse pouco, o irmão de Luiz Moura, o vereador
Senival Moura, também do PT, é acusado de usar “laranjas” para registrar ônibus
que operam para a Transcooper. Além disso, Luiz Moura é ligado ao secretário
municipal de Transportes de São Paulo, o petista Jilmar Tatto, que em passado
recente foi acusado de beneficiar perueiros ligados ao PCC. Moura, o deputado
estadual, que enriqueceu de forma meteórica em apenas cinco anos, recebeu cm
pompa e circunstância o ex-ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao
Palácio dos Bandeirantes.
O PT decidiu afastar Luiz Moura por sessenta dias, tempo
suficiente para que o assunto caia no esquecimento no embalo da Copa do Mundo,
período em que o parlamentar poderá se desligar do partido. Do contrário,
garantem os “companheiros”, será alvo de um processo de expulsão. Apesar de
toda essa encenação moralista e repentina, o ministro José Eduardo Cardozo não
fez qualquer comentário a respeito do caso, que em qualquer parte do mundo já
teria levado Moura de volta para a cadeia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário