Por Jornal do Brasil
A emissora inglesa BBC publicou uma matéria nesta
quarta-feira (30) discutindo o aumento no preço dos imóveis, na medida em que
os salários cresceram e as hipotecas se tornaram mais fáceis de se obter.
Entretanto, enquanto milhões de donos de imóveis se beneficiaram, outros lutam
para pagar as contas.
A reportagem lembra que os preços começaram a aumentar
quando o Brasil garantiu que hospedaria a Copa do Mundo, e continuaram a subir
quando o Rio foi nomeado como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Juliana Guzman,
dona da Rio Exclusive, companhia de propriedades luxuosas, afirmou à jornalista
que todos falam sobre uma bolha imobiliária, mas que as pessoas continuam
comprando no Brasil mesmo que os preços estejam altos, até porque vêem como uma
oportunidade de ter um bom retorno no investimento.
De acordo com o índice do FIPE-ZAP, os preços subiram mais
de 250% nos últimos seis anos. Em São Paulo, o aumento foi de 200%. Robert
Shiller, o homem que preveu a bolha imobiliária que resultou no colapso do
mercado nos Estados Unidos já avisou que o Brasil está enfrentando sua própria
bolha. Entretanto, há opiniões contrárias. Mailson da Nobrega, ex-ministro das
Finanças e fundador da consultoria Tendencias, afirmou à matéria que Shiller
está errado. "Não é uma bolha clássica inflada pelo crédito. O crédito não
é a fonte do aumento das propriedades no Brasil. A causa é um balanço entre a
demanda e a oferta", aponta.
A autora garante que o financiamento imobiliário certamente
se tornou mais fácil nos últimos anos. Só no ano passado, houve um crescimento
de 32%. De qualquer forma, o financiamento ainda é uma proporção pequena da
economia, menos do que 10%. Comparando com o Chile, a 20%, e aos Estados
Unidos, com 70%, o Brasil ainda tem um longo caminho para percorrer, diz a
matéria.
O economista Luis Vivanco acredita que a bolha é
psicológica. "Os brasileiros tem uma mentalidade que, comprando uma
propriedade, eles têm mais segurança do que colocando o dinheiro no banco. As
pessoas se sentem mais ricas", sugere.
O texto infere que não existe dúvida de que o forte
crescimento econômico nos últimos anos foi parcialmente motivado pelo aumento
do crédito para o consumo: as pessoas vêm gastando um dinheiro que não têm, o
que inclui a propriedade. Por outro lado, o Brasil está enfrentando agora uma
diminuição do crescimento econômico e, em um esforço para minar a alta da
inflação, a taxa de juros está no nível mais alto dos últimos dois anos. Todos
estes fatores poderiam colocar um fim na sensação de riqueza para os donos de propriedade
no futuro.
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