Por Gen Bda Paulo Chagas
Caros amigos
Cumprimento-os pela beleza do Movimento que lideram, digno
de brasileiros que sabem o que querem e o que serve para a sua Pátria, mas,
para o bem dos seus objetivos, cumpre, por oportuno, sugerir-lhes uma mudança
de atitude que tornará mais efetiva a conquista desses objetivos,
particularmente no que se refere às Forças Armadas (FA).
Antes de mais nada, é importante lembrar que a postura
tomada pelas FA após o Regime Militar é fruto da experiência política
desgastante vivida naquele período. O que se justifica pelo fato de que os
militares foram e são muito bons gestores da “coisa pública”, mas nem tão bons
gestores da “opinião pública”, essência da atividade política.
Em virtude da possibilidade de que qualquer deslize seja
explorado pela mídia suicida, comprada ou conivente com os derrotados do
movimento de 64, as FA, embora sejam das maiores credoras da confiança da
sociedade, tornaram-se arredias em relação a atitudes que possam por em risco
esta confiança.
Assim, atualmente, os militares estão em "dispositivo
de expectativa", ou seja, acompanham, avaliam e conhecem as ameaças à
democracia e o funcionamento e a capacidade operativa das instituições
republicanas e, enquanto esta capacidade, somada à vontade nacional, puder, de
alguma forma, assegurar, mesmo que minimamente, a ordem pública, o cumprimento
das leis e da própria vontade nacional, não haverá razão para o emprego da
expressão militar, conforme apregoa a Constituição Federal.
No momento, as instituições nacionais, em que pese à
infiltração de corruptos, oportunistas, comunistas e incompetentes, estão em
funcionamento - mesmo que, algumas, em condições repulsivas - e com capacidade
para fazer valer a vontade nacional, esta representada por pessoas como as que
participam e apoiam as Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Esta
circunstância torna prematura, precipitada e inconveniente a colocação de uma
"intervenção militar imediata" como o objetivo das Marchas e
fortalece, pela exploração política e midiática, as hostes contra as quais
estão se posicionando!
Na Liturgia da Palavra deste 23 de março, nos Igreja
Católica, entre tantos ensinamentos que de lá são tirados, encontramos que
“quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado”, não
há, portanto, que precipitá-lo!
E, ainda, referindo-se à obra de Moisés, nos ensinam as
Leituras que é dolorosa a conquista da liberdade e, com certeza, a sua
preservação, havendo momentos em que os homens chegam a pensar que, sem ela, a
vida seria melhor, mas, ao final e apesar de tudo, a pergunta que, pela lógica,
a tudo responde, nos faz o profeta: “O Senhor está no meio de nós, ou não?”
Assim, entendo que este salutar e muito bem iniciado
movimento deve perseverar e ter como objetivo principal, neste momento,
denunciar e tornar efetiva e evidente a apreensão da sociedade esclarecida com
relação às ameaças que já se concretizam em ações sangrentas contra a liberdade
na Venezuela. Concomitantemente deve afirmar e reafirmar a sua confiança no
discernimento das FA, no seu compromisso com a democracia, com a lei, com a
ordem, com os Princípios Fundamentais expressos nos quatro primeiros artigos da
Constituição Federal e com a sua própria missão, expressa em seu Art 142º!
Convocar ou requerer as FA para um movimento revolucionário
ou "intervenção militar imediata" é precipitação e demonstração de
falta de confiança em Deus e nas Forças Armadas e desqualifica o Movimento
perante os demais segmentos da sociedade, ainda não convencidos das ameaças que
pairam sobre nós e diante das próprias autoridades militares que sabem
discernir quando e se devem ou precisam intervir!
Dito isto, mais uma vez, cumprimento-os pela
iniciativa e por suas fortes convicções democráticas, com a esperança de que os
tenha sensibilizado para a proposição que lhes coloco à apreciação.
Fonte: A Verdade Sufocada
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