segunda-feira, 24 de março de 2014

Mensagem aos participantes das Marchas da Família com Deus pela Liberdade

Por Gen Bda Paulo Chagas

Caros amigos

Cumprimento-os pela beleza do Movimento que lideram, digno de brasileiros que sabem o que querem e o que serve para a sua Pátria, mas, para o bem dos seus objetivos, cumpre, por oportuno, sugerir-lhes uma mudança de atitude que tornará mais efetiva a conquista desses objetivos, particularmente no que se refere às Forças Armadas (FA).

Antes de mais nada, é importante lembrar que a postura tomada pelas FA após o Regime Militar é fruto da experiência política desgastante vivida naquele período. O que se justifica pelo fato de que os militares foram e são muito bons gestores da “coisa pública”, mas nem tão bons gestores da “opinião pública”, essência da atividade política.

Em virtude da possibilidade de que qualquer deslize seja explorado pela mídia suicida, comprada ou conivente com os derrotados do movimento de 64, as FA, embora sejam das maiores credoras da confiança da sociedade, tornaram-se arredias em relação a atitudes que possam por em risco esta confiança.

Assim, atualmente, os militares estão em "dispositivo de expectativa", ou seja, acompanham, avaliam e conhecem as ameaças à democracia e o funcionamento e a capacidade operativa das instituições republicanas e, enquanto esta capacidade, somada à vontade nacional, puder, de alguma forma, assegurar, mesmo que minimamente, a ordem pública, o cumprimento das leis e da própria vontade nacional, não haverá razão para o emprego da expressão militar, conforme apregoa a Constituição Federal.

No momento, as instituições nacionais, em que pese à infiltração de corruptos, oportunistas, comunistas e incompetentes, estão em funcionamento - mesmo que, algumas, em condições repulsivas - e com capacidade para fazer valer a vontade nacional, esta representada por pessoas como as que participam e apoiam as Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Esta circunstância torna prematura, precipitada e inconveniente a colocação de uma "intervenção militar imediata" como o objetivo das Marchas e fortalece, pela exploração política e midiática, as hostes contra as quais estão se posicionando!

Na Liturgia da Palavra deste 23 de março, nos Igreja Católica, entre tantos ensinamentos que de lá são tirados, encontramos que “quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado”, não há, portanto, que precipitá-lo!

E, ainda, referindo-se à obra de Moisés, nos ensinam as Leituras que é dolorosa a conquista da liberdade e, com certeza, a sua preservação, havendo momentos em que os homens chegam a pensar que, sem ela, a vida seria melhor, mas, ao final e apesar de tudo, a pergunta que, pela lógica, a tudo responde, nos faz o profeta: “O Senhor está no meio de nós, ou não?”

Assim, entendo que este salutar e muito bem iniciado movimento deve perseverar e ter como objetivo principal, neste momento, denunciar e tornar efetiva e evidente a apreensão da sociedade esclarecida com relação às ameaças que já se concretizam em ações sangrentas contra a liberdade na Venezuela. Concomitantemente deve afirmar e reafirmar a sua confiança no discernimento das FA, no seu compromisso com a democracia, com a lei, com a ordem, com os Princípios Fundamentais expressos nos quatro primeiros artigos da Constituição Federal e com a sua própria missão, expressa em seu Art 142º!

Convocar ou requerer as FA para um movimento revolucionário ou "intervenção militar imediata" é precipitação e demonstração de falta de confiança em Deus e nas Forças Armadas e desqualifica o Movimento perante os demais segmentos da sociedade, ainda não convencidos das ameaças que pairam sobre nós e diante das próprias autoridades militares que sabem discernir quando e se devem ou precisam intervir!


Dito isto, mais uma vez, cumprimento-os pela iniciativa e por suas fortes convicções democráticas, com a esperança de que os tenha sensibilizado para a proposição que lhes coloco à apreciação.



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