Hoje, para variar, as redes sociais faziam piadas meio
sinistras com a alta do dólar. Numa delas, o presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, aparecia numa foto mostrando a nova nota de um dólar: era uma
nota de cinco reais.
O dólar pode ir a cinco reais em breve? Não é mais
impossível. Pode cair para R$ 3,50? Até pode. Como se diz no mercado, os preços
estão referência: o que influencia os negócios é o puro medo e a incerteza
total do futuro mais imediato.
O primeiro medo é o de a nota de crédito do governo
brasileiro seja rebaixada, que outra empresa de avaliação de risco de calote
diga que o Brasil é de alto risco. Com duas empresas dizendo tal coisa, muito
grande investidor lá de fora não pode aplicar no Brasil. Uma parte do dinheiro,
de dólares, iria embora. Haveria uma desvalorização extra do real. Para se
antecipar a esse risco de perder mais dinheiro, muita gente vende reais e se
livra de aplicações em reais.
Por que tal medo? Porque o governo de Dilma Rousseff não tem
o menor apoio para aprovar mesmo as medidas mais emergentes para tapar o rombo
das contas do governo. Se não tapa o rombo, a dívida cresce. Se a dívida
cresce, os juros sobem. Se os juros sobem, a recessão fica ainda pior. Quem
quer investir em um país que não cresce?
O grosso dessa crise do dólar é de confiança. O dinheiro não
está fugindo aos montes do Brasil. O país não está em uma situação como a de
tantas vezes no passado, com dívida externa. Ainda entram investimentos no
país.
O que há é medo e incerteza. Medo de descrédito ainda maior
do governo, da capacidade do governo de conter sua dívida e de colocar alguma
ordem na economia que ele mesmo desarranjou. Não se sabe se o governo terá um
orçamento pelo menos zerado, não muito no vermelho. Não se sabe se o Congresso
vai espezinhar ainda mais a presidente amanhã. A gente mal sabe se o governo
vai ser o mesmo no mês que vem. No meio dessa confusão extraordinária, o dólar
sobe. Se não parar, a crise vai ser muito maior.
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